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JOGO DE CENA?
Superávit primário do país fica acima do acertado com o FMI
Argentina poupa o dobro da meta
CAROLINA VILA-NOVA
DE BUENOS AIRES
Apesar dos protestos do presidente argentino, Néstor Kirchner,
de que não vai ceder às pressões
do FMI (Fundo Monetário Internacional) para aumentar a meta
de superávit primário do país, hoje na casa dos 3% do PIB (Produto
Interno Bruto), a Argentina já está
economizando mais que o dobro
do acertado com o organismo.
Em fevereiro, o governo argentino conseguiu um superávit primário (economia para o pagamento de juros) de 996,2 milhões
de pesos. Em janeiro, a cifra chegou a 1,58 bilhão de pesos.
Apenas nos dois primeiros meses do ano, o saldo positivo alcançou 2,58 bilhões de pesos -o que
já supera em 1,5 bilhão de pesos o
fixado no acordo com o Fundo
para todo o primeiro trimestre de
2004.
"Esse resultado positivo está
alentado por três fatores: uma forte contenção de gastos, um importante nível de ingressos e o fato de que muitos pagamentos que
se faziam durante o mês de janeiro, como décimo terceiro e aposentadorias, efetuaram-se durante o mês de dezembro", afirmou
Carlos Mosse, secretário de Fazenda do país.
Os bons resultados da economia argentina têm sido acompanhados com atenção pelos credores do país, que esperam, com isso, que o governo melhore a oferta feita para reestruturar sua dívida pública, de US$ 88 bilhões. A
Argentina entrou em moratória
em dezembro de 2001 e agora negocia o pagamento de seus débitos. A proposta oficial é pagar
25% do que deve -que vem sendo rejeitada pelos detentores de
títulos do país.
Mosse, no entanto, ratificou ontem que o governo pretende fechar o ano com o superávit da ordem de 3%, dentro do acertado
com o Fundo.
"Não se pode pensar que o superávit será o triplo para todo o
ano", afirmou. "No quarto trimestre pode ser menor, mais
ajustado à pauta."
O secretário disse que, com os
ganhos extras, o governo evitará
emitir uma dívida nova e "procederá no resgate de parte da [dívida] já emitida".
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