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MERCADO FINANCEIRO
Para economistas, redução dos juros vai acelerar a atividade, especialmente no segundo semestre
Vendas e estoques indicam alta na produção
MARIA CRISTINA FRIAS
DA REPORTAGEM LOCAL
O forte crescimento das vendas
da indústria em janeiro, mais robustas que a produção, indica que
os estoques se reduziram e devem
estar próximos dos níveis desejados. Com isso, se as vendas continuarem a crescer, a produção deve acompanhá-las.
Para economistas, reforça-se a
expectativa de aceleração da atividade com a queda dos juros, especialmente no segundo semestre
deste ano, que será comparado ao
mesmo período de 2005, um semestre muito fraco.
As vendas reais cresceram 4,9%
em janeiro passado em relação ao
mesmo mês em 2005, segundo a
CNI (Confederação Nacional da
Indústria), depois de oito meses
em que quase não houve expansão; a média foi de apenas 0,1%.
Apesar do aumento das vendas,
o número de horas trabalhadas na
produção cresceu pouco, e a utilização da capacidade instalada
continuou a cair, de acordo com
dados da CNI.
Para analistas, a alta de apenas
1,2% das horas trabalhadas em janeiro, em comparação com o
mesmo mês do ano passado, e a
queda de 80,6% em dezembro para 80,4% em janeiro da utilização
da capacidade instalada não preocupam tanto, uma vez que se observam sinais de recuperação da
atividade econômica.
"Certamente, houve uma redução significativa dos estoques. Como em 2005 houve expansão do
investimento, ainda que pequena,
e, em janeiro, a produção caiu, é
natural uma redução da utilização
da capacidade instalada", afirma
Tomás Málaga, economista do
banco Itaú.
"Observando a formação bruta
de capital fixo andando muito
lentamente, sou mais da teoria de
que a queima de estoques tem
contribuído mais para o processo
de queda de horas trabalhadas e
menor utilização da capacidade
do que a da chamada maturação
de novos investimentos", afirma
Alexandre Póvoa, diretor da Modal Asset Management.
Animadas com o forte crescimento de 2004, muitos empresas
devem ter estocado no final daquele ano e no primeiro semestre
de 2005, esperando a repetição de
um ano similar.
Mas, no ano passado, vieram a
crise política e a alta de juros por
conta da inflação. Em conseqüência desses movimentos, a economia não andou como se esperava.
O consumidor se retraiu, e os estoques ficaram encalhados.
Em janeiro, a produção industrial não teve desempenho melhor: caiu 1,7%.
Com a utilização da capacidade
instalada sob controle e a expectativa de inflação bem-comportada,
o que esperar dos próximos passos da política monetária?
Por ora, nada de redução mais
forte dos juros, de acordo com
muitos economistas.
Clareza
Para Málaga, o Banco Central
poucas vezes foi tão claro: a trajetória é de queda, mas, como existe
incerteza quanto ao impacto das
reduções anteriores, a autoridade
monetária terá cautela para conseguir um corte maior dos juros
em um prazo menor.
"Uma maneira complicada de
dizer que a próxima redução é de,
no máximo, 0,75 ponto percentual, e que os cortes seguintes vão
depender de como a inflação evoluirá", diz Málaga.
"O BC já poderia ter cortado um
ponto percentual na reunião passada. Há de se reconhecer, porém,
que, quanto mais se aproxima o
final do ciclo de corte, mais improvável parece ser a aceleração
de seu ritmo", diz Póvoa.
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