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Com crise nos EUA, bancos do Brasil avançam em ranking
Bradesco e Itaú assumem 4º e 5º posto entre as instituições de maior lucro nas Américas
Em situação mais favorável, instituições financeiras do
país estão menos ameaçadas por problemas enfrentados
pelos bancos americanos
TONI SCIARRETTA
DENYSE GODOY
DA REPORTAGEM LOCAL
Os bancos brasileiros apareceram pela primeira vez no topo do ranking de lucros do sistema financeiro internacional.
Levantamento da consultoria
Economática mostra que Bradesco e Itaú só lucraram menos
do que os americanos Goldman
Sachs, JPMorgan e Wells Fargo
no quarto trimestre do ano passado nas Américas.
Os motivos foram mais externos do que internos. Enquanto os brasileiros aumentam os ganhos com a expansão
do crédito e a bancarização, as
instituições americanas tiveram de assumir perdas contábeis pesadas por conta da crise
das hipotecas americanas de
segunda linha ("subprime").
Os bancos brasileiros são
bem menores do que as instituições financeiras americanas. Em valor de mercado, por
exemplo, o Bradesco e o Itaú
somavam na última terça-feira
US$ 57,6 bilhões e US$ 55,4 bilhões, respectivamente. Já os
gigantes Bank of America,
JPMorgan e Citigroup, embora
depreciados com a crise, valiam
US$ 172,9 bilhões, US$ 145,1 bilhões e US$ 107,8 bilhões, respectivamente. Mesmo assim,
os brasileiros já ultrapassaram
instituições de prestígio global
como Morgan Stanley (US$
47,3 bilhões) e Merrill Lynch
(US$ 45,2 bilhões).
E a confortável situação das
instituições financeiras nacionais garante que elas não sejam
contaminadas pelos problemas
que as outras enfrentam. "A
chance de os bancos brasileiros
serem afetados por problemas
dessa natureza é absolutamente nula", avalia Antonio Bento
Furtado de Mendonça Neto, vice-presidente da consultoria
francesa Solving International,
especializada em estratégia
empresarial. "Eles não têm, em
seu poder, títulos do mercado
imobiliário americano. E aqui
no Brasil não há os mecanismos de financiamento habitacional que existem por lá. Só
agora esse setor de crédito começa a se desenvolver melhor
no país", afirmou.
Para Alcides Leite, professor
de finanças da Trevisan, os
bancos brasileiros vivem uma
realidade oposta à das instituições americanas, que foram depreciadas por estar no epicentro da crise imobiliária. Ele destaca ainda o impacto da valorização do real, que tornou os lucros obtidos por eles no país
mais altos em dólares.
"Os bancos brasileiros tiveram um resultado excepcional
com o aumento do crédito e a
venda de ativos [Serasa, BM&F
e Bovespa]. Estão ganhando
muito com melhora operacional, redução de custos, migração de cheques e transações nas
agências para os meios eletrônicos e internet, além da gestão
de recursos internacionais. A
importância dos bancos tende a
crescer ainda mais na economia", comentou.
Para Einar Rivero, autor do
estudo da Economática, o levantamento reconhece a saúde
do sistema financeiro brasileiro, que adota práticas de risco
mais conservadoras do que as
instituições americanas. "É
agradável ver os dois maiores
bancos brasileiros entre as instituições financeiras de maior
lucro do mundo. E isso vai continuar porque o mercado de
crédito está em pleno aquecimento", disse.
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