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Governo adia contratação de servidores
Paulo Bernardo diz que, com crise e arrecadação menor, governo pode cortar ainda mais gastos previstos no Orçamento
Adiamento de contratação de funcionários públicos e redução de vagas deve gerar economia de R$ 1,1 bilhão, segundo o Planejamento
GUSTAVO PATU
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O governo optou por um cenário relativamente otimista
ao anunciar ontem a reformulação do Orçamento deste ano,
mas já sinaliza que deve ser
obrigado a fazer ajustes adicionais devido à queda da arrecadação provocada pela crise.
Como a Folha antecipou ontem, o governo anunciou que
reduziu sua previsão de crescimento do PIB a 2% (o mercado
prevê 0,59%) e promoveu um
bloqueio de despesas de R$
21,6 bilhões no Orçamento.
Evitaram-se, ao menos por enquanto, medidas politicamente
amargas como a suspensão de
reajustes do funcionalismo.
Novos números à parte, a
única providência concreta antecipada pelo ministro Paulo
Bernardo (Planejamento) ontem foi a redução de vagas e o
adiamento da contratação de
servidores aprovados em concursos públicos, com os quais
se pretende economizar R$ 1,1
bilhão. Nem sequer foi divulgada a distribuição do corte de
gastos por ministério, motivo
de disputas na Esplanada, o
que ocorrerá em dez dias.
O bloqueio de despesas é
promovido todo início do ano
para, conforme determina a legislação, assegurar o cumprimento da meta de superávit
primário, ou seja, da parcela da
arrecadação a ser poupada para
o abatimento da dívida pública.
Tradicionalmente, o bloqueio inicial é relaxado ao longo do ano, conforme a receita
tributária confirma ou supera
as projeções iniciais. Neste
ano, porém, avalia-se que pode
acontecer o inverso. "É maior a
chance de ter restrição adicional que folga", disse Bernardo.
No novo cenário, as contas só
fecham com a redução da meta
de superávit de R$ 66,5 bilhões
para R$ 50,9 bilhões -queda
autorizada pela legislação, desde que a diferença seja destinada a obras de infraestrutura
prioritárias. A redução da meta
é permitida desde 2005, mas
nunca foi usada. O ministro indicou que, neste ano, ela deve
ser necessária.
Embora o recolhimento de
tributos tenha tido uma queda
de 9,11% no primeiro bimestre,
considerando a inflação, o governo projetou um aumento
real de 1% na arrecadação, na
comparação com 2008.
O líder do governo na Comissão de Orçamento, deputado
Gilmar Machado (PT-MG),
disse ontem que vai propor a
redução permanente do superávit primário. "É hora de
aproveitar o momento de crise
e enfrentar o debate sobre redução do gasto com juros."
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