São Paulo, sábado, 20 de março de 2010

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Petrobras lucra 12% menos em 2009

Sob influência da crise, ganho da estatal recua para R$ 29 bi; diretor também atribui resultado menor ao efeito do câmbio

Empresa mantém preços no mercado interno apesar de queda do petróleo e, com isso, lucro recua menos do que o de suas concorrentes


PEDRO SOARES
DA SUCURSAL DO RIO

Mesmo com crescimento da produção de petróleo e das exportações em 2009, a Petrobras não passou ilesa à crise e viu seu lucro líquido cair 12% em relação ao ano anterior. O ganho foi de R$ 28,982 bilhões no ano passado, ante R$ 32,988 bilhões em 2008. Já superada a turbulência e com crescimento de vendas e produção, a companhia lucrou R$ 8,1 bilhões no último trimestre de 2009 -alta de 31% em comparação ao mesmo período de 2008. Ao falar do lucro anual, o diretor financeiro da estatal, Almir Barbassa, disse que o desempenho foi afetado especialmente pelo câmbio. É que a queda do dólar diante do real desvalorizou ativos e empresas da estatal no exterior. O impacto cambial negativo foi de cerca de R$ 6 bilhões, segundo o executivo. "Essa é a diferença básica. Se não fosse isso, o aumento de produção de petróleo teria compensado a queda do preço do barril no mercado internacional", disse. Apesar da queda no lucro, o resultado da Petrobras foi positivo se comparado ao de suas concorrentes mundiais. A Exxon (EUA), por exemplo, viu redução de 57% no resultado. A Chevron (também dos EUA) perdeu 56%, e a Shell (Reino Unido), 52%. Na mesma toada foram outras companhias do setor e sócias da Petrobras em projetos no país. O lucro da norueguesa Statoil caiu 58%. O da portuguesa Galp, parceira no pré-sal, teve retração de 55,4%. A francesa Total perdeu 20%, e a britânica BP, 21%. A espanhola Repsol, com forte presença na Argentina, viu seu resultado reduzido em 6%. O preço do petróleo Brent caiu 36% na média de 2009. Já os preços médios dos derivados vendidos pela Petrobras, que cobrou preços acima dos de referência internacional, cederam menos: 12%. A Petrobras ganhou ao manter seus preços de combustíveis cerca de 20% acima dos do mercado norte-americano, onde as variações do petróleo são repassadas imediatamente. No Brasil, a política é manter um alinhamento no médio prazo, sem absorver oscilações de curto prazo do custo do barril. Outro fator que impediu a redução maior do lucro foi o crescimento de 6% da produção de petróleo por causa da entrada em operação de novas plataformas. Ainda assim, a média anual de extração de óleo -de 1,971 milhão de barris/dia- ficou abaixo da meta (2,050 milhões de barris). Sob impacto da crise, o faturamento da companhia caiu 15% em 2009 -para R$ 215,1 bilhões-, diretamente afetado pelas menores vendas de combustíveis nos primeiros meses do ano e pelos preços mais baixos -12%, em média. Trata-se de retrato de um ano em que o PIB (Produto Interno Bruto) recuou 0,2%.
Balança
Outro destaque positivo, diz Barbassa, foram as exportações, que geraram saldo líquido de US$ 2,9 bilhões graças à melhora das cotações do petróleo pesado brasileiro no exterior e do aumento de produção. Em 2009, a estatal registrou deficit de US$ 980 milhões. Para Erick Scott Hood, analista da corretora SLW, o desempenho da companhia foi bom diante do tamanho da crise vivida em 2009. Já Max Bueno, da Spinelli, diz que o não alinhamento automático dos preços dos derivados no país -ao contrário do que ocorre em mercados desenvolvidos- ajudou a Petrobras a sofrer menos com a queda dos preços do petróleo.

Colaborou ÁLVARO FAGUNDES, da Redação



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