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INVESTIMENTOS
Ministro da Fazenda afirma que o fluxo ainda é intenso, mas a taxa de crescimento já é mais lenta
Entrada de dólares recua, admite Malan
ARTHUR PEREIRA FILHO
VANESSA ADACHI
da Reportagem Local
O ministro da Fazenda, Pedro
Malan, afirmou ontem em São
Paulo que está ocorrendo um processo de desaceleração na entrada
de dólares no país.
"A taxa de crescimento tem sido
expressiva, embora desacelerando", disse Malan, referindo-se à
diferença entre entradas e saídas
de dólares nos últimos dias.
Segundo o ministro, "uma coisa
é a taxa de crescimento da entrada
de divisas, outra é a velocidade da
taxa de crescimento". O ministro
disse que as pessoas confundem as
duas taxas, durante uma conversa
com jornalistas antes da solenidade de posse do presidente da Febraban (federação dos bancos),
Roberto Egydio Setubal, que entra
em seu segundo mandato.
Reservas
O ministro afirmou que o volume de ingresso de divisas foi expressivo, principalmente nos últimos dois meses. "Estamos com o
nível de reservas comparável com
o que tínhamos no período anterior à crise asiática."
Malan não revelou o valor atual
das reservas, mas disse que o nível
é "confortável", embora reconheça que há divergências entre economistas sobre o nível adequado
de reservas do país.
Malan não descarta a adoção de
medidas de restrição à entrada de
dólares, se isso for necessário. Ele
lembrou que durante a crise asiática o governo alterou o prazo de
permanência de certos tipos de ingresso. Um dos instrumentos de
intervenção do governo é o IOF
(Imposto sobre Operações Financeiras), criado no segundo semestre de 94.
Segundo Malan, é um imposto
regulatório que pode ser alterado
em função das necessidades do
balanço de pagamentos.
"Nós não vamos anunciar de antemão o que pensamos fazer. Isso
depende das circunstâncias", disse
Malan.
Regras
O presidente da Febraban, Roberto Setubal, disse que é possível
que o governo mexa nas regras para desacelerar a entrada de reservas externas.
Segundo ele, o país precisa de reservas na faixa de US$ 60 bilhões.
"Quando chega aí não há necessidade de incentivar mais a entrada
de novos recursos."
Os números do Banco Central
confirmam a avaliação de Malan.
Embora o início de 98 esteja registrando um ingresso recorde de dólares no país, o ritmo começa a
cair.
A média diária de entrada pelo
segmento financeiro do câmbio
contratado, aquele por onde entra
a maior parte do dinheiro dos investidores que vêm atrás dos altos
juros e da Bolsa, está caindo.
Desde o início de março até o dia
11, a média diária estava em US$
704,08 milhões. Na última semana
(de 12 a 18), a média caiu 11,2%,
para US$ 624,99 milhões.
A explicação, segundo analistas,
está na própria redução das taxas
de juro pelo governo, que tem surpreendido o mercado por sua rapidez.
Juros menores representam um
cupom cambial menor para o investidor estrangeiro.
O cupom é o ganho do investidor estrangeiro que aplica em juros no país e é medido pela diferença entre os juros internos e a
variação do câmbio.
Como o câmbio tem estado bastante estável, a queda dos juros está apertando a margem paga ao
capital estrangeiro. Ontem, o cupom estava em torno de 11,60% ao
ano, bem abaixo dos cerca de 15%
de um mês atrás.
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