|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
BANCOS
Redução de despesas, com plano de demissões voluntárias, impulsionou resultado de R$ 526,3 mi de janeiro a março
Lucro do Banespa sobe 411% no trimestre
ÉRICA FRAGA
JOSÉ ALAN DIAS
DA REPORTAGEM LOCAL
O lucro líquido do Banespa disparou no primeiro trimestre deste
ano, atingindo R$ 526,3 milhões.
O ótimo resultado, que representa expansão de 411% em relação
ao mesmo período de 2001, só foi
ofuscado pelas precauções que a
instituição teve de tomar para se
prevenir contra calotes. As provisões para créditos de recebimento
duvidoso aumentaram 560% e
somaram R$ 94 milhões.
A redução de despesas feita pelo
Banespa, que é controlado pelo
Santander, pesou mais para o resultado do primeiro trimestre do
que o aumento de receitas. Os
gastos com empregados, por
exemplo, caíram quase 60% em
relação ao mesmo período de
2001. As despesas operacionais
também tiveram queda, de
28,5%.
"Esse lucro pode ser atribuído
principalmente ao saneamento
pelo qual o banco passou. O programa de demissão voluntária
implementado, por exemplo, ajudou muito a reduzir as despesas",
diz Erivelto Rodrigues, sócio da
Austin Asis.
Já o aumento das provisões contra devedores duvidosos deve refletir, segundo analistas, a piora
do nível de crédito do banco, o
que indica risco de inadimplência
à vista. A exigência do Banco Central de que as instituições aumentassem suas provisões também
contribuiu para que o item pesasse mais no balanço. A direção do
Santander não quis comentar o
resultado do Banespa.
Temporada de lucros
Tudo indica que a temporada de
grandes lucros conseguidos pelas
instituições financeiras no ano
passado deverá se repetir em
2002. Analistas ouvidos pela Folha acreditam que nem a trajetória de queda das taxas de juros esperada para este ano deverá prejudicar os resultados dos bancos.
Pelo contrário, as estimativas
das consultorias Thomson Financial e Austin Asis apontam que,
em 2002, Bradesco, Banco do Brasil, Itaú e Unibanco -os quatro
principais bancos brasileiros de
varejo- vão lucrar ainda mais do
que no ano passado, quando várias instituições tiveram ganhos
recordes.
Nas projeções da Thomson, o
lucro líquido do Bradesco neste
ano será de R$ 2,238 bilhões,
3,13% maior do que os R$ 2,17 bilhões do ano passado. A estimativa da Austin Asis é de lucro ainda
maior, de R$ 2,40 bilhões -o que
representaria alta de 10,6% sobre
o lucro de 2001.
No caso do Itaú, as duas consultorias prevêem que o lucro deste
ano será menor que os US$ 2,39
bilhões de 2001 -haveria queda
de 5,61% segundo a Thomson,
enquanto a Austin Asis estima
que a queda será de apenas 1,67%.
Mas há uma ressalva: no ano passado, o Itaú obteve receita extraordinária de R$ 450 milhões
por conta da venda de sua rede de
processamento para a Telefônica.
Ou seja, em tese, o lucro líquido
recorrente deste ano pode ser até
maior que o de 2001.
Segundo Alberto Borges Matias,
sócio da ABM Consulting e professor da USP (Universidade de
São Paulo), em princípio, os bancos deveriam apresentar lucros
menores em 2002, se for confirmada a tendência de queda nas
taxas de juros.
Isso porque no ano passado
uma parcela considerável de seus
ganhos veio de operações de tesouraria com lucrativas transações de títulos públicos, no cenário de altas taxas de juros praticadas pelo BC.
A trajetória, já iniciada, de queda dos juros poderia se traduzir
em ganhos menores com esse tipo
de operação. ""Em ano de eleição,
faz sentido o governo baixar os juros para apaziguar o eleitor", diz
Matias. Mas, segundo o economista, a expectativa é de que os
bancos vão compensar essa perda
nos juros com o aumento na oferta de crédito e também com a entrada em vigor do SPB (Sistema
de Pagamentos Brasileiro).
De acordo com Matias, a redução de custos, somada ao aumento de tarifas com o SPB, pode representar aumento de R$ 6 bilhões na receita do setor.
Rodrigues estima que a oferta
de crédito deve crescer entre 20%
e 25% neste ano para compensar
a redução esperada de receita
com a intermediação financeira.
Outro item que deverá pesar
mais no resultado dos bancos, segundo Rodrigues, é a receita com
serviços. "Esperamos aumento
médio de 20% nesse item neste
ano, contra 15% no ano passado."
Texto Anterior: Indústria: Emprego em fevereiro cai 0,3%, diz IBGE Próximo Texto: Fundos tem rentabilidade abaixo da meta Índice
|