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China acelera e cresce 11,1% no 1º tri
Inflação sobe 3,3% em março; investimentos e exportações são motor da expansão, mas consumo também aumenta
Bolsas asiáticas e européias caem em razão do temor de que o governo chinês venha a adotar novas medidas para esfriar a economia
CLÁUDIA TREVISAN
DA REPORTAGEM LOCAL
A economia chinesa acelerou
o ritmo de crescimento no primeiro trimestre, em um sinal
de que continua imune às medidas adotadas pelo governo
para controlar sua expansão.
Entre janeiro e março, o PIB
chinês cresceu 11,1%, 0,7 ponto
percentual acima do índice de
igual período de 2006, que fechou com expansão de 10,7%, a
maior desde 1995.
O anúncio balançou as Bolsas
asiáticas e européias. Investidores temem que o governo
chinês adote novas medidas para conter o crescimento -alta
dos juros e da quantidade de dinheiro que os bancos têm de
deixar imobilizados no banco
central, além de restrições a
novos investimentos. A eventual desaceleração do país reduziria a demanda por matérias-primas e componentes
produzidos em outras regiões.
Li Xiaochao, porta-voz do Escritório Nacional de Estatísticas, avaliou que, se esse padrão
de crescimento se mantiver, há
o risco de a economia chinesa
entrar em um estágio de superaquecimento. Um dos sinais
preocupantes é a inflação, que
teve alta de 2,7%, 1,5 ponto percentual acima do primeiro trimestre de 2006. Em março, o
aumento foi ainda maior, 3,3%,
a maior taxa em dois anos.
O economista-chefe do banco UBS na Ásia, Jonathan Anderson, acredita que a alta de
preços não representa uma
ameaça. Segundo ele, o índice
foi pressionado pelos alimentos, que subiram 6,2%. "O núcleo da inflação ficou abaixo de
1%, sem nenhum sinal de aceleração", observou.
A boa notícia nos dados do
primeiro trimestre foi a alta no
consumo e na renda dos chineses. As vendas no varejo cresceram 14,9% e a renda per capita
disponível teve expansão de
19,5% nas cidades e de 15,2% na
zona rural -em termos reais
(descontada a inflação), os índices foram de 16,6% e 12,1%, respectivamente.
Aumentar o consumo interno é uma das principais preocupações do governo chinês,
que busca um modelo de crescimento menos dependente de
exportações e investimentos,
os principais motores da expansão do país.
Os investimentos cresceram
23,7% no primeiro trimestre, 4
pontos percentuais abaixo do
índice de igual período de
2006. A desaceleração é um indício de que a China poderá diminuir seu ritmo de expansão
nos próximos meses.
O UBS acredita que o PIB fechará o ano com alta de 9,7%. A
EIU (Economist Intelligence
Unit) prevê crescimento de
10% e maior desaceleração a
partir de 2008. A EIU também
estima que neste ano a China
passará do quarto para o terceiro lugar no ranking das maiores
economias do mundo, acima da
Alemanha e atrás apenas de Estados Unidos e Japão.
Investimentos
A grande questão é saber por
quanto tempo o país conseguirá sustentar taxas de investimento tão altas. Esses recursos
são destinados à construção de
ativos como fábricas, estradas,
edifícios e ferrovias. Investimentos além do que a economia pode absorver provocam
um excesso de oferta que, por
sua vez, reduz a margem de lucro das empresas.
Sem rentabilidade, as empresas têm dificuldade para quitar
seus financiamentos, o que pode levar a uma crise no sistema
financeiro e a uma forte queda
na atividade econômica.
Por enquanto, os dados mostram um cenário favorável para
o setor privado industrial, que
concentra os investimentos. O
lucro das grandes empresas industriais deu um salto de
43,8%, 22 pontos percentuais
acima do resultado do primeiro
trimestre de 2006.
O setor externo continua a
ser um dos pilares do crescimento chinês. As exportações
subiram 27,8% no primeiro trimestre, para US$ 252,1 bilhões,
enquanto as importações tiveram alta de 18,2% (US$ 205,7
bilhões). A diferença gerou um
saldo comercial de US$ 46,4 bilhões, o dobro do registrado no
primeiro trimestre de 2006.
Somado ao investimento estrangeiro recebido pela China,
esse fluxo de dólares levou as
reservas internacionais ao recorde de US$ 1,2 trilhão, valor
superior ao PIB brasileiro.
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