São Paulo, sexta-feira, 20 de abril de 2007

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

China acelera e cresce 11,1% no 1º tri

Inflação sobe 3,3% em março; investimentos e exportações são motor da expansão, mas consumo também aumenta

Bolsas asiáticas e européias caem em razão do temor de que o governo chinês venha a adotar novas medidas para esfriar a economia


CLÁUDIA TREVISAN
DA REPORTAGEM LOCAL

A economia chinesa acelerou o ritmo de crescimento no primeiro trimestre, em um sinal de que continua imune às medidas adotadas pelo governo para controlar sua expansão.
Entre janeiro e março, o PIB chinês cresceu 11,1%, 0,7 ponto percentual acima do índice de igual período de 2006, que fechou com expansão de 10,7%, a maior desde 1995.
O anúncio balançou as Bolsas asiáticas e européias. Investidores temem que o governo chinês adote novas medidas para conter o crescimento -alta dos juros e da quantidade de dinheiro que os bancos têm de deixar imobilizados no banco central, além de restrições a novos investimentos. A eventual desaceleração do país reduziria a demanda por matérias-primas e componentes produzidos em outras regiões.
Li Xiaochao, porta-voz do Escritório Nacional de Estatísticas, avaliou que, se esse padrão de crescimento se mantiver, há o risco de a economia chinesa entrar em um estágio de superaquecimento. Um dos sinais preocupantes é a inflação, que teve alta de 2,7%, 1,5 ponto percentual acima do primeiro trimestre de 2006. Em março, o aumento foi ainda maior, 3,3%, a maior taxa em dois anos.
O economista-chefe do banco UBS na Ásia, Jonathan Anderson, acredita que a alta de preços não representa uma ameaça. Segundo ele, o índice foi pressionado pelos alimentos, que subiram 6,2%. "O núcleo da inflação ficou abaixo de 1%, sem nenhum sinal de aceleração", observou.
A boa notícia nos dados do primeiro trimestre foi a alta no consumo e na renda dos chineses. As vendas no varejo cresceram 14,9% e a renda per capita disponível teve expansão de 19,5% nas cidades e de 15,2% na zona rural -em termos reais (descontada a inflação), os índices foram de 16,6% e 12,1%, respectivamente.
Aumentar o consumo interno é uma das principais preocupações do governo chinês, que busca um modelo de crescimento menos dependente de exportações e investimentos, os principais motores da expansão do país.
Os investimentos cresceram 23,7% no primeiro trimestre, 4 pontos percentuais abaixo do índice de igual período de 2006. A desaceleração é um indício de que a China poderá diminuir seu ritmo de expansão nos próximos meses.
O UBS acredita que o PIB fechará o ano com alta de 9,7%. A EIU (Economist Intelligence Unit) prevê crescimento de 10% e maior desaceleração a partir de 2008. A EIU também estima que neste ano a China passará do quarto para o terceiro lugar no ranking das maiores economias do mundo, acima da Alemanha e atrás apenas de Estados Unidos e Japão.

Investimentos
A grande questão é saber por quanto tempo o país conseguirá sustentar taxas de investimento tão altas. Esses recursos são destinados à construção de ativos como fábricas, estradas, edifícios e ferrovias. Investimentos além do que a economia pode absorver provocam um excesso de oferta que, por sua vez, reduz a margem de lucro das empresas.
Sem rentabilidade, as empresas têm dificuldade para quitar seus financiamentos, o que pode levar a uma crise no sistema financeiro e a uma forte queda na atividade econômica.
Por enquanto, os dados mostram um cenário favorável para o setor privado industrial, que concentra os investimentos. O lucro das grandes empresas industriais deu um salto de 43,8%, 22 pontos percentuais acima do resultado do primeiro trimestre de 2006.
O setor externo continua a ser um dos pilares do crescimento chinês. As exportações subiram 27,8% no primeiro trimestre, para US$ 252,1 bilhões, enquanto as importações tiveram alta de 18,2% (US$ 205,7 bilhões). A diferença gerou um saldo comercial de US$ 46,4 bilhões, o dobro do registrado no primeiro trimestre de 2006.
Somado ao investimento estrangeiro recebido pela China, esse fluxo de dólares levou as reservas internacionais ao recorde de US$ 1,2 trilhão, valor superior ao PIB brasileiro.


Texto Anterior: Lucro da Net no 1º trimestre é de R$ 25 milhões
Próximo Texto: Após novo susto com a China, Bolsa sobe 0,11%
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.