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Petróleo e gás terão investimentos de ao menos US$ 72 bi
Cifra é considerada pelo setor um piso dos recursos destinados à exploração e à produção e não inclui descobertas no pré-sal
Estimativa é que só o campo de Tupi consumirá investimentos de US$ 50 bi, ou o equivalente a 17%
do orçamento do PAC
PEDRO SOARES
ROBERTO MACHADO
DA SUCURSAL DO RIO
O Brasil receberá investimentos de US$ 72 bilhões em
exploração e produção de petróleo e gás de 2008 a 2012, estima o IBP (Instituto Brasileiro
de Petróleo). A cifra corresponde a 4,6% do PIB de 2007, mas é
apenas o piso previsto pelo setor. É que, após a descoberta de
novas reservas na camada pré-sal, o país deverá atrair uma onda de recursos sem precedentes para a atividade.
Nessa conta de US$ 72 bilhões não entram os recursos
que serão destinados à exploração do pré-sal. Apenas o campo
de Tupi consumirá investimentos de US$ 50 bilhões (o equivalente a R$ 83 bilhões) em dez
anos, segundo previsão do secretário-executivo do IBP, Álvaro Teixeira. Trata-se da primeira reserva delimitada do
pré-sal, com reservas de 5 bilhões a 8 bilhões de barris e que,
sozinha, contará com recursos
equivalentes a 16,5% do orçamento total do PAC (Programa
de Aceleração do Crescimento)
-R$ 504 bilhões.
O cálculo considera a necessidade de 9 a 10 plataformas para explorar a megarreserva. E
não inclui outros campos tão
promissores quanto Tupi, como os de Júpiter e Carioca. O
último causou controvérsia na
semana passada com a declaração do diretor-geral da ANP
(Agência Nacional do Petróleo), Haroldo Lima, de que teria
reservas de 33 bilhões de barris
-a Petrobras não confirmou.
Nas outras descobertas do
pré-sal, a Petrobras ainda faz
testes para dimensionar o volume dos reservatórios, o que inviabiliza estimativas de investimentos. Mas, mesmo antes de a
"nova fronteira" ter sido anunciada, o país já vivia um boom
de investimentos em petróleo.
O levantamento do IBP mostra que há hoje 304 mil km2 sob
concessão para atividades de
exploração e produção -em
terra e no mar. É o equivalente
a dois Estados do Ceará, que
possui área de 148,8 mil km2.
Do investimento total previsto pelo IBP antes do advento
do pré-sal, US$ 54,5 bilhões serão alocados pela Petrobras, e
os US$ 17,5 bilhões restantes,
pelas demais empresas do setor -a maior parte dos recursos privados virá de empresas
estrangeiras.
Ao todo, o setor de petróleo
investirá US$ 128 bilhões, sendo US$ 97,4 bilhões da estatal e
US$ 30,6 bilhões de outras empresas. A cifra inclui outros
elos da cadeia: refino, dutos,
terminais, petroquímica básica
e distribuição.
"O que estimamos [para exploração e produção] é um piso. O pré-sal representa mudança brutal de contexto, que
alterará radicalmente o perfil
de investimentos do setor",
disse Felipe Dias, gerente de
Economia e Política Energética do IBP.
Segundo o executivo, os custos são mais altos, e a tecnologia necessária à exploração é
diferente e inovadora, o que dificulta quantificar o volume de
investimentos necessários.
Até agora, a Petrobras já investiu US$ 1,5 bilhão na prospecção nessa nova e promissora província petrolífera. A estatal perfurou 15 poços no pré-sal. Em todos, achou petróleo
ou gás -o que indica um risco
exploratório nulo.
Tais resultados despertaram
o interesse das petrolíferas que
atuam no país. Além de parceiras em descobertas do pré-sal,
como a BG (Reino Unido) e
Galp (Portugal) na bacia de
Santos, várias empresas informaram à Folha a disposição
em prospectar petróleo e gás
na área.
Sozinhas ou em parceria com
a Petrobras, Repsol (Espanha),
Shell (Reino Unido-Holanda),
Anadarko (Estados Unidos) e
Partex (Portugal) disseram que
estudam investir em exploração na camada pré-sal.
"Recebemos uma sonda capaz de atingir 10 mil metros e
vamos perfurar no pré-sal em
um bloco na bacia de Campos",
diz Claudio Araújo, presidente
da Anadarko no Brasil.
A Partex perfurará, em parceria com Shell e Petrobras,
dois poços num bloco (BM-S-10) da bacia de Santos, próximo
às novas descobertas. Cada um
custará US$ 70 milhões.
A favor, encontram o atual
preço do petróleo. Com o barril
acima de US$ 110, muitos projetos, que antes não eram rentáveis, passam a ser viáveis.
Em curso
Se o pré-sal aponta para um
futuro promissor dos investimentos em exploração e produção, a realidade atual não é
nada desprezível: só até 2011, a
Petrobras gastará, ao menos,
R$ 6,55 bilhões para colocar oito plataformas em operação,
sem contar uma unidade não licitada ainda e outra a ser alugada. Juntas, terão capacidade
para extrair 1 milhão de barris/dia de óleo e 35 milhões de
metros cúbicos de gás.
Neste ano, começará a produzir a P-51, no Marlim Sul (bacia de Campos), cujo custo total
ficou em R$ 2,3 bilhões. Também entrará em operação no
campo de Marlim Leste a P-53,
que será arrendada. Em janeiro
de 2009, será a vez da PMXL,
no campo de Mexilhão (bacia
de Santos), a primeira focada
na produção de gás.
Esses recursos destinados à
exploração e à produção de petróleo e gás natural são a base
de uma cadeia produtiva que
multiplica investimentos.
Segundo estudo realizado
por economistas do BNDES, os
investimentos da indústria do
petróleo como um todo atingirão R$ 202,8 bilhões nos próximos quatro anos. Será um crescimento de 10% em relação ao
período que vai de 2003 a 2006.
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