São Paulo, segunda-feira, 20 de abril de 2009

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Folhainvest

Poupança distinguirá investidores, diz Lula

Para o presidente, mudança no cálculo do rendimento é necessária para que o dinheiro dos mais pobres não seja corroído

Lula não quis entrar em detalhes, nem mesmo sobre o limite de aplicação na poupança a partir do qual a remuneração será menor

Alejandro Ernesto - Efe
Lula durante a entrevista coletiva concedida após participar da 5ª Cúpula das Américas; mudanças protegerão pequeno poupador

CLÓVIS ROSSI
ENVIADO ESPECIAL A PORT OF SPAIN

A mudança na caderneta de poupança que o governo está estudando fará uma distinção entre "o pequeno poupador e alguém que quer fazer da poupança um investimento", afirmou ontem o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em entrevista coletiva concedida após sua participação na 5ª Cúpula das Américas.
Mas o presidente, tal como já acontecera na quinta-feira, não entrou em detalhes nem mesmo para definir qual é o limite de aplicação a partir do qual o poupador passa a ser investidor e, portanto, terá eventualmente uma remuneração menor.
Os números citados por Lula foram apenas ilustrativos. "Daqui a pouco, tem gente tirando R$ 50 milhões, R$ 60 milhões, e querendo aplicar na poupança. Aí você mata a poupança", afirmou, ilustrando o que seria um investidor.
Na ponta do poupador, o presidente lembrou que "85% dos poupadores têm menos de R$ 5.000 na poupança".
Não quer dizer, como é óbvio, que esses serão os limites para definir a remuneração da caderneta. Servem apenas para mostrar qual é o conceito de poupador e o de investidor que orientará a mudança.
Lula lembrou ainda que há a "necessidade de o juro no Brasil ir se ajustando para que a economia brasileira volte a crescer mais rapidamente", o que se reflete na poupança.
Caindo os juros, cai a remuneração dos fundos de investimento baseados nos juros. A poupança, que não paga imposto, fica mais atraente. Para o presidente, se não houver um ajuste também na poupança, "você vai começar a ver pessoas que têm muito dinheiro, em vez de ficar investindo em fundos de investimento, correrem para a poupança. E poupança é para cuidar das pessoas mais pobres, para evitar que o dinheiro delas seja corroído".
Lula reconheceu o óbvio: a questão da poupança "é delicada" e, por isso, vai exigir "muito trabalho da área econômica".
Escudou-se na delicadeza do tema para não entrar em mais detalhes. "Não posso dizer o que penso a respeito porque poderia gerar especulação. Nós não podemos permitir que a poupança sofra qualquer enfraquecimento e, ao mesmo tempo, não podemos permitir que as pessoas que mais necessitam da poupança criem desconfiança sobre esse instrumento financeiro tão importante."
Conforme a Folha já informou, a mudança na caderneta de poupança é necessária por causa da queda dos juros, que deve continuar nos próximos meses, o que, de resto, foi indiretamente confirmado por Lula ao mencionar a necessidade de "ajuste" na taxa de juros.
Se o nível fixado pelo BC, hoje em 11,25%, cair abaixo de 9% ao ano, os técnicos estimam que a poupança renderá mais que os fundos de investimento, devido à isenção do IR.
Já as aplicações em fundos de investimento seguem de perto a taxa de juros de mercado, mas são tributadas. Entre os desequilíbrios que essa diferença pode causar, estão a dificuldade de o governo refinanciar sua dívida e a possível redução no dinheiro disponível para empréstimo pelos bancos.

Combustível
O presidente também comentou o "pequeno ajuste" a ser feito no preço dos combustíveis, a partir da queda no preço internacional.do petróleo.
Mas não deu detalhes, alegando que, antes de qualquer decisão, o governo pretende saber o efeito sobre a receita dos Estados, que cobram ICMS pelos combustíveis. "Queremos preservar o máximo possível de capacidade de investimento."


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