|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Mudança opõe técnicos e políticos no governo
TONI SCIARRETTA
DA REPORTAGEM LOCAL
Diante de resistências para
mexer na poupança, o governo
busca uma solução intermediária que possibilite manter um
retorno que proteja o pequeno
investidor, mas que não estimule a entrada de grandes aplicadores vindos dos fundos de
investimento. Com a redução
dos juros, o retorno de 6% da
poupança fica mais atraente do
que o dos fundos.
A primeira alternativa discutida, que conta com apoio na
área política do governo federal, foi punir os grandes aplicadores, cobrando Imposto de
Renda a partir de um determinado valor -até a semana passada, falava-se em R$ 100 mil.
O imposto, no entanto, só poderá incidir a partir de 2010 e
não resolve o problema atual da
migração de dinheiro dos fundos para a poupança. Foi aventada a hipótese de criar uma
contribuição, que pode entrar
em vigor em 90 dias.
Proposta por técnicos da
equipe econômica, o fim da TR
e a criação de um percentual da
taxa Selic como rendimento da
poupança -como os bancos fazem com os CDBs- encontram
resistência na área política, pela dificuldade de implementação e por mexer no financiamento imobiliário (65% dos recursos vão para o setor) e na
correção do FGTS (sensível aos
sindicatos e fonte de recursos
para obras de infraestrutura e
de saneamento).
A ideia é instituir um percentual como 55% da Selic, que daria um rendimento líquido, por
exemplo, de 5,6% ao ano -hoje,
o rendimento fica em 6,17%.
Ganha força entre os políticos a proposta de limitar a entrada de grandes depósitos na
poupança, instituindo uma espécie de teto para as aplicações,
como já acontece no Tesouro
Direto, site do governo que
vende títulos públicos. No site,
as aplicações mensais são limitadas a R$ 400 mil.
Outra possibilidade seria
criar diferentes faixas de rendimento, com retorno menor para os grandes aplicadores.
Proteção aos pequenos
Na sexta-feira, o ministro da
Fazenda, Guido Mantega, disse
que o governo ainda estuda como mexer na poupança. "Certamente não vamos prejudicar
os poupadores. Protegeremos
os que têm menor patrimônio;
não podemos permitir que haja
uma fuga dos grandes investidores para essa aplicação. Vamos fazer uma adaptação às
nossas condições", disse.
Com um dos juros nominais
mais altos do mundo, a revisão
da poupança era uma "bomba-
-relógio" que só deveria ser desarmada após 2011, quando o
país passasse a ter "juros civilizados", comparados aos padrões internacionais. A crise financeira global, porém, antecipou essa discussão.
Segundo José Dutra Vieira
Sobrinho, especialista em matemática financeira, a TR é uma
daquelas "jabuticabas" -só
existem no Brasil-, incompreensíveis para qualquer outra realidade de mercado.
No caso, a TR é calculada a
partir da média do pagamento
dos CDBs dos 30 maiores bancos, que depois sofre ação de
um redutor cuja lógica é retirar
o efeito dos tributos, entre outros componentes dos CDBs.
"Vamos ver se, desta vez, o
governo não vem com uma solução tampão para a poupança.
Poderia aproveitar a ocasião e
arrumar de vez esse problema."
Texto Anterior: Frase Próximo Texto: Indicadores dos EUA dominam semana "curta" Índice
|