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COMÉRCIO EXTERIOR
Exportações caem em ritmo menor que em outros países
Brasil perde menos que o mundo e mantém mercado
CLÁUDIA DIANNI
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Uma queda menor das exportações brasileiras do que a retração
mundial no primeiro trimestre do
ano indica que o país não está perdendo mercado, apesar do fraco
desempenho das vendas externas
neste ano.
De acordo com o Banco BBV,
excluindo o efeito da crise Argentina, as exportações diminuíram
4,3% no primeiro trimestre, uma
queda menor do que a dos principais traders (países com maior
fluxo de comércio) mundiais, incluindo os tigres asiáticos.
Considerando a perda do mercado argentino, a diminuição nas
vendas externas registrada no
Brasil ficou em 10,7%, menor do
que nos EUA (15,8%), na União
Européia (10,8%), no Japão
(12,6%), no Canadá (14,9%), em
Cingapura (14,9%) e na Rússia
(17,8%). A redução nas vendas
para a Argentina é responsável
por quase dois terços da queda
dos embarques de mercadorias
neste ano.
"Isso significa que, mesmo exportando menos, o Brasil não está
perdendo mercado para outros
países, que, proporcionalmente,
estão vendendo menos do que o
Brasil por causa da retração do
comércio mundial", disse o secretário-executivo da Camex (Câmara de Comércio Exterior), Roberto Giannetti da Fonseca.
De acordo com a OMC (Organização Mundial do Comércio), pela primeira vez nos últimos 20
anos o comércio mundial teve,
em 2001, retração -de 1% em volume e 4% em valor.
O Brasil, em contraste, elevou as
exportações em 9,7% em 2001. Segundo o BBV, desde 1999, a participação do Brasil no mercado
mundial aumentou em US$ 6,6
bilhões a receita de exportações.
Governo e analistas de mercado
afirmam que, com a retomada do
fluxo do comércio mundial esperada para o segundo semestre, as
exportações brasileiras devem ganhar impulso.
Parte do fraco desempenho das
exportações neste ano, porém, reflete a variação dos preço das
mercadorias, que ficaram em média 9,4% mais baratas, e não perda de mercado.
Na avaliação dos economistas
do BBV, mesmo com a esperada
recuperação da economia mundial, a probabilidade de crescimento das exportações neste ano
é praticamente nula, e o aumento
do protecionismo mundial nos
setores siderúrgico e agrícola reforça essa tendência.
De acordo com a Associação
Brasileira de Comércio Exterior, o
preço do aço no mercado mundial nunca esteve tão baixo. Segundo a Funcex (Fundação de
Comércio Exterior), a cotação dos
produtos básicos exportados pelo
Brasil atingiu seu menor nível
desde 1977.
Os subsídios agrícolas, que ganharam mais US$ 60 bilhões do
governo dos EUA para os próximos dez anos, ajudam a baixar os
preços das commodities.
Recuperação
Mesmo com a manutenção dos
mercados conquistados, as exportações brasileiras só deverão
voltar a crescer em 2003. O BBV
projeta recuo de 5,8% nas vendas
neste ano. Isso porque, apesar da
provável recuperação do comercio mundial, a Argentina não deve retomar o consumo no médio
prazo.
O parceiro do Mercosul passou
do segundo para o sexto lugar entre os maiores compradores de
produtos brasileiros, ficando
atrás dos EUA, da Holanda, da
Alemanha, do Japão e do México.
As eleições parlamentares nos
EUA e majoritárias na Europa
também reforçam as tendências
protecionistas, adiando a recuperação do comércio para 2003, na
avaliação do diretor da Associação Brasileira de Comércio Exterior, José Augusto de Castro. Para
ele, as ações de promoção comercial do governo só vão começar a
surtir efeito no médio prazo.
O problema, aponta Castro, é
que o governo teria de investir em
políticas para estimular as exportações para que elas não só acompanhem o aumento do fluxo de
comércio mundial mas aumentem sua participação de 1% nas
trocas globais de produtos.
O Proex, o programa de financiamento das exportações, por
exemplo, repetiu neste ano o mesmo orçamento de R$ 2,1 bilhões
do ano passado. "Queremos aumentar as exportações de manufaturados, mas não temos recursos para financiá-las."
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