São Paulo, segunda-feira, 20 de maio de 2002

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FOLHAINVEST

MERCADO ACIONÁRIO

Papéis da empresa devem sofrer com instabilidade do preço do petróleo e sucessão presidencial

Eleição traz vaivém a ações da Petrobras

ISABEL CAMPOS
DA REPORTAGEM LOCAL

Se você investiu parte do seu FGTS (Fundo de Garantia do Tempo de Serviço) em ações ON (ordinárias) da Petrobras, prepare-se para o vaivém dos próximos meses. Com a instabilidade do preço do petróleo no mercado internacional e a corrida eleitoral no Brasil, a cotação desses papéis, nos próximos meses, poderá oscilar ainda mais que o já observado neste ano.
Os analistas, no entanto, dizem que não é o caso de vender o papel. A longo prazo, o seu potencial de valorização é bem superior à rentabilidade da conta normal do FGTS, que é de apenas TR (Taxa Referencial) mais 3% ao ano (em 2001, foi de 5,35%).
Desde o início deste ano, os fundos de privatização FGTS-Petrobras têm alternado dias de glória com dias de baixa. Segundo dados da Anbid (Associação Nacional dos Bancos de Investimento) e do site Fortuna, em janeiro, suas cotas caíram, em média, 5,69%; em fevereiro, subiram 17,86%; em março, mais 9,64%; em abril, perderam 5,31; em maio, até o dia 15, estavam negativas em 5,40%. A rentabilidade acumulada no ano, porém, continua positiva em 9,17%.
De acordo com dados da Economática, neste ano, até agora, o ponto mais alto de Petrobras ON foi alcançado em 1º de abril, quando foi cotada a R$ 62,40. Depois disso, chegou a cair para R$ 54,53, no dia 13 de maio. Na sexta-feira, fechou em R$ 56,90.
Vários fatos justificam esse vaivém. Na semana passada, foi divulgado o balanço da empresa referente ao primeiro trimestre de 2002. Os resultados ficaram abaixo das estimativas dos analistas.
O lucro líquido foi de R$ 866 milhões, contra R$ 2,275 bilhões obtidos em igual período do ano passado e R$ 2,823 bilhões, no último trimestre de 2002. A corretora Fator Doria Atherino, por exemplo, esperava um resultado de R$ 1,579 bilhão.
Os principais fatores que levaram a esse lucro foram a valorização do real em relação ao dólar, a redução do consumo de derivados de petróleo no Brasil, a queda do preço do barril no mercado internacional e o lançamento de provisões.
Para Gregório Mancebo Rodriguez, da corretora Socopa, esse resultado não deve ser visto com preocupação nem compromete as metas da empresa.
"O resultado deste trimestre deverá ser muito melhor", diz. Isso porque o dólar voltou a se valorizar ante o real, o preço médio do barril de petróleo subiu e as provisões lançadas no primeiro trimestre não se repetirão. De qualquer forma, o preço do petróleo neste ano deve ficar 5,3% menor em relação a 2001, segundo estimativas do FMI (Fundo Monetário Internacional).
As ações da Petrobras também têm sofrido por terem muita liquidez (facilidade de compra e venda) e um peso muito grande no Ibovespa (Índice da Bolsa de Valores de São Paulo). Somando-se as ações ON e as PN (preferenciais), a empresa tem cerca de 12% de participação no índice.
"Em momentos de nervosismo, como o observado na primeira quinzena de maio, esses papéis são os que mais oscilam", explica Rodriguez. Devido à liquidez, são a porta de entrada e saída dos investidores.
Outro fator que está afetando Petrobras é a corrida eleitoral. Além de atrapalhar toda a Bolsa, mexe particularmente com a empresa, por ser controlada pelo governo. O temor, diz Roseli Machado, diretora de gestão de renda variável da Fator Administração de Recursos, é que o profissionalismo da atual gestão seja deixado de lado e a companhia possa ser utilizada para fins políticos.
Seja como for, pelo menos até o fim do ano, a projeção dos analistas é que Petrobras, entre altos e baixos, se valorize.
"A possibilidade de ganho é bem maior do que com Vale do Rio Doce", afirma André Querne, analista da corretora Máxima. Dependendo do analista, para o fim de 2002, a expectativa é que a cotação de Petrobras esteja entre R$ 70 e R$ 75.


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