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FOLHAINVEST
MERCADO ACIONÁRIO
Papéis da empresa devem sofrer com instabilidade do preço do petróleo e sucessão presidencial
Eleição traz vaivém a ações da Petrobras
ISABEL CAMPOS
DA REPORTAGEM LOCAL
Se você investiu parte do seu
FGTS (Fundo de Garantia do
Tempo de Serviço) em ações ON
(ordinárias) da Petrobras, prepare-se para o vaivém dos próximos
meses. Com a instabilidade do
preço do petróleo no mercado internacional e a corrida eleitoral no
Brasil, a cotação desses papéis,
nos próximos meses, poderá oscilar ainda mais que o já observado
neste ano.
Os analistas, no entanto, dizem
que não é o caso de vender o papel. A longo prazo, o seu potencial
de valorização é bem superior à
rentabilidade da conta normal do
FGTS, que é de apenas TR (Taxa
Referencial) mais 3% ao ano (em
2001, foi de 5,35%).
Desde o início deste ano, os fundos de privatização FGTS-Petrobras têm alternado dias de glória
com dias de baixa. Segundo dados da Anbid (Associação Nacional dos Bancos de Investimento) e
do site Fortuna, em janeiro, suas
cotas caíram, em média, 5,69%;
em fevereiro, subiram 17,86%; em
março, mais 9,64%; em abril, perderam 5,31; em maio, até o dia 15,
estavam negativas em 5,40%. A
rentabilidade acumulada no ano,
porém, continua positiva em
9,17%.
De acordo com dados da Economática, neste ano, até agora, o
ponto mais alto de Petrobras ON
foi alcançado em 1º de abril, quando foi cotada a R$ 62,40. Depois
disso, chegou a cair para R$ 54,53,
no dia 13 de maio. Na sexta-feira,
fechou em R$ 56,90.
Vários fatos justificam esse vaivém. Na semana passada, foi divulgado o balanço da empresa referente ao primeiro trimestre de
2002. Os resultados ficaram abaixo das estimativas dos analistas.
O lucro líquido foi de R$ 866 milhões, contra R$ 2,275 bilhões obtidos em igual período do ano
passado e R$ 2,823 bilhões, no último trimestre de 2002. A corretora Fator Doria Atherino, por
exemplo, esperava um resultado
de R$ 1,579 bilhão.
Os principais fatores que levaram a esse lucro foram a valorização do real em relação ao dólar, a
redução do consumo de derivados de petróleo no Brasil, a queda
do preço do barril no mercado internacional e o lançamento de
provisões.
Para Gregório Mancebo Rodriguez, da corretora Socopa, esse
resultado não deve ser visto com
preocupação nem compromete
as metas da empresa.
"O resultado deste trimestre deverá ser muito melhor", diz. Isso
porque o dólar voltou a se valorizar ante o real, o preço médio do
barril de petróleo subiu e as provisões lançadas no primeiro trimestre não se repetirão. De qualquer
forma, o preço do petróleo neste
ano deve ficar 5,3% menor em relação a 2001, segundo estimativas
do FMI (Fundo Monetário Internacional).
As ações da Petrobras também
têm sofrido por terem muita liquidez (facilidade de compra e
venda) e um peso muito grande
no Ibovespa (Índice da Bolsa de
Valores de São Paulo). Somando-se as ações ON e as PN (preferenciais), a empresa tem cerca de 12%
de participação no índice.
"Em momentos de nervosismo,
como o observado na primeira
quinzena de maio, esses papéis
são os que mais oscilam", explica
Rodriguez. Devido à liquidez, são
a porta de entrada e saída dos investidores.
Outro fator que está afetando
Petrobras é a corrida eleitoral.
Além de atrapalhar toda a Bolsa,
mexe particularmente com a empresa, por ser controlada pelo governo. O temor, diz Roseli Machado, diretora de gestão de renda
variável da Fator Administração
de Recursos, é que o profissionalismo da atual gestão seja deixado
de lado e a companhia possa ser
utilizada para fins políticos.
Seja como for, pelo menos até o
fim do ano, a projeção dos analistas é que Petrobras, entre altos e
baixos, se valorize.
"A possibilidade de ganho é
bem maior do que com Vale do
Rio Doce", afirma André Querne,
analista da corretora Máxima.
Dependendo do analista, para o
fim de 2002, a expectativa é que a
cotação de Petrobras esteja entre
R$ 70 e R$ 75.
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