São Paulo, sexta-feira, 20 de maio de 2005

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ECONOMIA "INVISÍVEL"

Com 711.825 empreendedores, atividade é minoritária, e a maioria das empresas está instalada em oficinas ou na casa do trabalhadores

Camelôs são apenas 7% do setor informal

Tuca Vieira/Folha Imagem
Barracas de camelôs instaladas no largo 13 de Maio, tradicional centro de comércio informal de SP


DA SUCURSAL DO RIO
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA, NO RIO

O camelô, com sua barraca montada numa movimentada rua de comércio popular, é talvez o personagem mais comum quando se pensa em um empreendimento informal. Mas não é. A maior parcela das firmas informais no país está instalada em lojas ou oficinas (20,3%) ou na casa do cliente (27,6%).
Outro grande contingente de empresas informais (27,3%) funciona no domicílio do dono do negócio. Os camelôs propriamente ditos somavam 711.825 empreendedores em 2003, ou 6,9% do total de empresas informais.
Pelos critérios do IBGE, o camelô é exclusivamente o trabalhador por conta própria ou empregador que desenvolve seu trabalho na rua e está enquadrado em dois setores: comércio e serviços -neste caso, só o de alimentação.
Ao todo, 905,38 mil pessoas trabalhavam na via pública -8,8%. Mas nem todos podem ser tidos como camelôs. Existem ainda os que trabalham na rua oferecendo consertos, venda de seguros, planos de saúde e outras atividades.
O local de trabalho onde mais gente passou a atuar foi o veículo -um contingente de 670 mil pessoas em 2003, ou 6,4% do total. É um reflexo do aumento do transporte alternativo, como vans e mototáxis, e do crescimento da distribuição de licenças para taxistas, de acordo com o IBGE.
Segundo o IBGE, 70% das empresas informais em 2003 usavam equipamentos e instalações próprios. Cresceu, diz o instituto, o uso de barracas, trailers e imóveis pelas empresas informais.
O setor comércio e reparação é o ramo de atividade que mais concentrava firmais informais nas áreas urbanas -33% do total. A construção civil respondia por 18% e a indústria extrativa e de transformação, por 16%. No comércio, 62% das firmas informais estavam estabelecidas fora do lar do proprietário e 12% dentro e fora da casa do dono do negócio.
Flávio Lopes Ferreira, 25, é um trabalhador por conta própria no comércio. Sem nunca ter trabalhado no mercado formal, ele vende balas nos ônibus pelo bairro de Copacabana. Ganha de R$ 350 a R$ 400 mensais.
Além de estar principalmente no comércio, a maior parte dos ocupados informais era migrante: 55% não nasceram na cidade na qual trabalhavam, embora 83% deles morassem na localidade havia pelo menos cinco anos.
Gabriel Marcos Gonçalves, 49, que há dois anos vende cangas e batas nas praias do Rio, saiu do interior da Bahia para "passar uns dias" na cidade e acabou ficando. A mulher e os seis filhos também se mudaram e hoje moram com ele. Gonçalves não sabe quanto recebe por mês: "Vou vendendo e quando preciso compro mais".
Os dados do IBGE mostram ainda que 32% dos pequenos empreendedores não precisaram de capital para começar seu negócio e que apenas 11% pegaram empréstimos com terceiros.
Segundo o IBGE, a maioria dos empregados de firmas informais (61%) tinha relação de trabalho por tempo indeterminado (eram 72% em 1997). Já os que estavam empregados por tarefa representavam 10% do total, contra 7% em 1997. Por fim, os que foram contratados pelos pequenos empreendedores por um período determinado correspondiam a 12%, ante 10% em 1997. (PS e CE)

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