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Preço da terra no país sobe 16% e bate novo recorde
Pesquisa apura média de R$ 4.135, maior valor nominal para o hectare no Brasil
Analista atribui parte da alta
à maior procura de áreas por
grandes grupos, muitos
estrangeiros; custo da terra
no Sul passa o do Sudeste
ROBERTO SAMORA
DA REUTERS
Com a alta dos grãos, o preço
médio das terras destinadas à
agropecuária no Brasil subiu
16,3% no segundo bimestre de
2008, ante o mesmo período de
2007, para R$ 4.135 por hectare. O valor representa novo recorde nominal para o país, informou ontem o Instituto FNP,
divisão da AgraFNP, braço brasileiro do grupo Agra Informa,
um dos líderes em consultoria
no agronegócio no mundo.
As principais áreas produtoras de grãos do país registraram
as maiores valorizações. O preço médio no Sul do Brasil superou o custo das propriedades
no Sudeste pela primeira vez
desde o início de 2007.
Na comparação com o primeiro bimestre, a alta do preço
médio no Brasil foi de 3,42%. O
valor no Sul subiu 6,16% em relação a igual período.
"O Sul no bimestre passado
tinha quase igualado o valor
com o Sudeste. Grande parte
dessa troca de posição é por
conta da procura de terras para
grãos no Paraná, que se valorizou demais", disse Jacqueline
Bierhals, analista da AgraFNP.
O preço médio do hectare no
Sul subiu de R$ 7.288, no primeiro bimestre, para R$ 7.737
no segundo. O valor da terra no
Sudeste foi estimado no Sudeste pela consultoria em R$ 7.450
por hectare, ante R$ 7.317 nos
primeiros dois meses do ano.
Segundo Bierhals, para ter
uma idéia da procura de terras
por grãos no Paraná, um dos líderes na produção de grãos do
país, houve negócio em Cascavel a R$ 34 mil por hectare, parcelado em três vezes.
"A maior procura e o tamanho médio das propriedades
-inferior, por exemplo, às do
Cerrado-, dá espaço para esses
preços mais salgados."
O produtor Camilo Carlos
Caus, da região de Cascavel
(PR), que está tentando ampliar a sua propriedade, disse
que os preços dos grãos favorecem a aquisição de terras, mas
afirmou que as negociações estão difíceis pelo valor elevado e
pela disputa com outros interessados. "Tem até médico
comprando terra por aqui."
Segundo a AgraFNP, os preços do Sudeste não se reajustaram no mesmo ritmo dos do
Sul em razão do menor entusiasmo com os valores pagos
pela cana, que tiveram queda
na comparação com a safra passada, pela maior oferta de açúcar e álcool.
Em São Paulo, o maior produtor de cana do Brasil, o preço
médio da terra subiu para R$
11,8 mil por hectare, ante R$
11,6 mil no primeiro bimestre.
"Mas essa alta não é nada por
conta da cana. São reflorestamentos, áreas de grãos, pastagens", disse Bierhals.
Centro-Oeste
No Centro-Oeste, principal
região produtora de grãos do
Brasil, a valorização em relação
ao primeiro bimestre foi pequena, de 3,5%, mas, na comparação com o segundo bimestre
de 2007, a alta foi de 40%, para
R$ 3.246 por hectare, também
em razão dos melhores preços
das commodities agrícolas.
Segundo a analista, essa alta
no Centro-Oeste ocorre também em razão da maior procura de terra por grandes grupos,
muitos deles estrangeiros, interessados em cultivar em extensas áreas. Esses grupos têm interesse em áreas de Cerrado,
não naquelas do bioma amazônico, até para evitar eventuais
problemas com órgãos ambientais, disse a analista.
"Quem tem áreas abertas não
vende, porque não existem outras áreas para serem abertas",
disse o agricultor Nelson Picolli, presidente do Sindicato Rural de Sorriso (MT).
Picolli cita dificuldades ambientais para a abertura de
fronteiras agrícolas. O valor das
propriedades da região ao norte de Mato Grosso, com a alta
da soja, subiu, uma vez que as
terras são cotadas em sacas,
disse o dirigente do sindicato.
Com GITÂNIO FORTES , da Redação
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