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MERCADO TENSO
Perdas para Tesouro no ano já equivalem a quase metade do prejuízo sofrido com a maxidesvalorização de 99
Dólar e juro altos dão prejuízo de R$ 48 bi
ALEX RIBEIRO
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O prejuízo causado pela alta do
dólar e aperto nos juros já gira em
torno de R$ 48 bilhões neste ano,
cifra que equivale a quase metade
das perdas sofridas pelos cofres
públicos na maxidesvalorização
do real de 12 de janeiro até 26 de
fevereiro de 1999, período mais
grave da mudança do câmbio.
A estimativa é feita com parâmetros conservadores, fornecidos
por técnicos da Secretaria do Tesouro Nacional. Pelos seus cálculos, cada alta de 1% na taxa de
câmbio provoca um aumento de
R$ 1,7 bilhão na dívida pública.
A exemplo do que ocorreu na
máxi de 1999, boa parte dos prejuízos do Tesouro Nacional está
se traduzindo em lucros para os
bancos. No primeiro trimestre, o
conjunto dos bancos lucrou R$
3,093 bilhões, segundo balancetes
divulgados pelo Banco Central
-uma alta de 11,5% em relação
ao mesmo período do ano anterior. Os dados de abril e maio ainda não foram divulgados.
A maior fonte de prejuízos para
o Tesouro são os títulos cambiais
-papéis emitidos pelo governo
que pagam ao investidor a variação da cotação do dólar mais juros definidos em leilão. Essa é
também uma fonte de lucros para
bancos.
Em abril, havia no mercado R$
108,165 bilhões em NBCEs (Notas
do Banco Central - Série Especial), o principal papel cambial
emitido pelo governo. Grosso
modo, quando a cotação do dólar
sobe 1%, o governo fica devendo
R$ 1 bilhão a mais para os detentores desses papéis.
Como o dólar já subiu 26% neste ano, a perda para os cofres públicos chega a R$ 26 bilhões, caso
a taxa de câmbio não recue. A
maior parte dessa receita vai para
os bancos estrangeiros, que em
abril passado tinham 21,1% das
NBCEs em poder do público. Esses papéis cambiais deram aos
bancos estrangeiros uma receita
estimada em R$ 5,5 bilhões.
Bancos comerciais nacionais
têm 18,4% dos papéis cambiais. A
crise do dólar está gerando para
eles uma receita de cerca de R$ 4,8
bilhões nestes seis primeiros meses do ano.
Prejuízo nos juros
Além dos papéis cambiais, a alta
do dólar também é sentida na dívida externa do governo. O débito
é pago em dólares, mas toda a
contabilidade é feita em reais, pois
o governo recolhe impostos em
moeda nacional para honrar seus
compromissos dentro e fora do
país.
A alta de 26% na cotação do dólar provoca uma expansão de R$
44,2 bilhões na dívida externa e
em papéis cambiais. No pico da
desvalorização do real, em fevereiro de 1999, o prejuízo chegou a
R$ 106 bilhões.
O governo também está perdendo com as altas nas taxas de
juros -promovidas, principalmente, para conter a pressão inflacionária causada pela disparada da cotação da moeda norte
americana.
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