São Paulo, quinta-feira, 20 de junho de 2002

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TEMOR NA AMÉRICA LATINA

Indicador brasileiro sobe 5,3% e vai a 1.382 pontos; Argentina, Equador e México também têm alta

Risco-país de emergentes volta a disparar

ANA PAULA RAGAZZI
DA REPORTAGEM LOCAL

O risco-país brasileiro atingiu, pela segunda vez em seis dias, seu maior valor em dois anos e meio ontem. Fechou em alta de 5,3%, a 1.382 pontos e continua como o terceiro maior do mundo. Mas não subiu sozinho. Houve alta no risco da maioria dos países emergentes acompanhados pelo indicador do JP Morgan.
"Não foi apenas o risco Brasil que subiu hoje [ontem", mas o risco de investir em países emergentes", diz Pedro Thomazoni, diretor de tesouraria do Lloyds TSB.
O risco de investir na Argentina cresceu 3%; na Nigéria, 6,8%. No México, 7,2%; no Equador, 6,2%. O indicador aponta quanto os títulos dos governos pagam, em pontos percentuais, a mais do que títulos similares do governo dos norte-americano.
Bancos estrangeiros têm reduzido sua exposição nos mercados emergentes há meses, influenciados por problemas internos desses países nos setores públicos e privados, além de um passado de prejuízos. Como as perdas na Argentina foram grandes, ninguém mais pode errar. Portanto há certa aversão ao risco. "Em caso de dúvida, a opção é se desfazer de papéis de emergentes", diz Helio Osaki, analista da Finambras.
Pesa para o Brasil o fato de este ser um ano eleitoral. A situação começou a ficar nebulosa, na visão do mercado, quando pesquisas eleitorais apontaram a liderança isolada do candidato da oposição, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), ao mesmo tempo em que o candidato governista, José Serra (PSDB), não decolava. Para o mercado, avesso a mudanças, a vitória de Serra significa continuidade da atual política econômica.
A incerteza em relação ao futuro da eleição levou os investidores a não aceitarem títulos da dívida pública brasileira de longo prazo.
O governo tem sido forçado a trocar esses papéis por outros de prazo mais curto, o que concentra os vencimentos da dívida pública brasileira para o final deste ano. Daí a preocupação com a possibilidade de o país dar um calote.
Além dos problemas do setor público, há uma crise de credibilidade sobre a saúde financeira das grandes corporações. A desconfiança começou com a concordata da Enron, em dezembro do ano passado, acusada de ter adulterado balanços.
Esse sentimento, aliado a deterioração dos indicadores financeiros internos e externos no Brasil, dificulta a rolagem de dívidas das companhias brasileiras. "A falta de confiança do mercado mundial, que abala o desempenho das empresas, é séria. E, neste momento, está sendo abafada pelo cenário político", diz Thomazoni, do Lloyds TSB.
O cenário também é crítco para os outros países da América do Sul



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