São Paulo, quinta-feira, 20 de junho de 2002

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FMI quer que país pare de gastar as reservas

DE BUENOS AIRES

O FMI (Fundo Monetário Internacional) exige que a Argentina pare de gastar as reservas internacionais em dólar para conter a alta da moeda norte-americana, mas não descarta fechar o acordo com o país nos próximos 30 dias como pede o governo.
As reservas internacionais do país caíram cerca de US$ 4,5 bilhões neste ano, chegando a US$ 9,97 bilhões, devido, principalmente, às intervenções do Banco Central no mercado de câmbio e ao pagamento de dívidas com organismos multilaterais.

Mais gastos
A Argentina negociava com o FMI a permissão para gastar até dezembro mais US$ 2 bilhões para conter a alta do dólar, como parte do programa monetário que está sendo definido entre as partes.
Desse total, metade viria das próprias reservas internacionais e a outra metade faria parte do pacote de ajuda que está em negociação com o Fundo. Dessa forma, o país só deixaria de vender dólares no mercado caso as reservas caíssem abaixo do patamar de US$ 9 bilhões.
No entanto, o porta-voz do Fundo, Thomas Dawson, disse ontem, em Washington, que "o regime cambial de livre flutuação é o melhor para a Argentina".
Dawson também afirmou que as negociações com a Argentina caminham "razoavelmente bem", mas não quis estabelecer uma data para o fechamento de um acordo com o Fundo.
"É importante que as negociações sejam completadas em breve. Mas é mais importante chegarmos a um acordo completo."

Acordo-tampão
O diretor-gerente do FMI, Horst Köhler, disse que existe a possibilidade de que um pacote de socorro à Argentina seja liberado em um mês -uma solicitação do governo do país. "Mas isso dependerá do que suceda dentro da própria Argentina", disse ele em referência ao cumprimento das exigências do Fundo.
No entanto, o ministro Roberto Lavagna (Economia) avalia que seria impossível cumprir com tudo o que pede o FMI em um mês. Por isso, segundo o jornal "Clarín", o governo teria começado a negociar uma espécie de "acordo-tampão", que teria validade apenas durante o terceiro trimestre do ano.
Esse acordo possibilitaria que a Argentina adiasse o pagamento das dívidas com os organismos multilaterais entre julho e setembro, que somam US$ 5 bilhões.
Para o governo, entre as exigências mais complicadas de cumprir com rapidez estaria a restruturação do sistema financeiro, que pode incluir, entre outras coisas, a fusão dos bancos estatais. (JS)


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