São Paulo, segunda-feira, 20 de junho de 2005

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INVESTIMENTO

Com queda do dólar, aplicação tem prejuízo médio de 8,4% no ano

Fundo cambial perde até da caderneta de poupança

FABRICIO VIEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL

Nem mesmo a atual crise política conseguiu fazer com que o dólar iniciasse uma trajetória de alta. Quem sofre com esse cenário são os fundos cambiais, que não conseguem bater nem a poupança em termos de rentabilidade. Com isso, o encolhimento dessa categoria tem sido inevitável.
No ano, a captação líquida -diferença entre aplicações e saques- dos fundos atrelados ao câmbio está negativa em R$ 1,12 bilhão, segundo a Anbid (Associação Nacional dos Bancos de Investimento).
A perda de interesse dos investidores por esse tipo de aplicação se explica facilmente se for observada a rentabilidade da categoria: no ano, os fundos cambiais estão com perdas médias de 8,4%.
Significa dizer que quem aplicou em um fundo desse tipo no início de 2005 está com menos dinheiro na conta hoje.
"É um tipo de fundo onde só se ganha bem se a moeda estrangeira estiver em alta. E isso não deve ocorrer no curto prazo", afirma João Medeiros, diretor da corretora Pionner.
Dados do site Fortuna -especializado no acompanhamento de fundos de investimento- mostram que os fundos cambiais estão hoje com patrimônio líquido em torno de R$ 3,6 bilhões. Há três anos, os fundos cambiais chegaram a ter patrimônio superior a R$ 9 bilhões.
O encolhimento dos fundos cambiais de 2002 para cá veio na contramão do crescimento da indústria de fundos como um todo. Em meados de 2002, os fundos cambiais chegaram a representar cerca de 2,5% do patrimônio total do mercado. Hoje representam apenas algo em torno de 0,5%.
"Minha expectativa é que o dólar se aproxime de R$ 2,70 até o fim do ano. Assim, acho que pode começar a haver entrada de recursos nesse tipo de aplicação nos próximos meses", avalia Paulo de Sá, estrategista da Sul América Investimentos.
Sem forças para reagir, o dólar segue derretendo e já acumula baixa de 10% diante do real neste ano. Na última sexta-feira, a moeda norte-americana encerrou o dia vendida a R$ 2,388, um de seus mais baixos níveis desde maio de 2002.

Concorrência
Em 2004, os fundos atrelados ao câmbio também tiveram dias ruins, encerrando o ano com perda média acumulada de 7,6%.
Para piorar a situação da categoria, os fundos de renda fixa e DI -que carregam papéis que acompanham a variação dos juros- passaram a dar melhores retornos, embalados pela escalada da taxa básica (Selic).
O Copom (Comitê de Política Monetária) do Banco Central começou a elevar a Selic em setembro do ano passado e só interrompeu o processo de alta na semana passada.

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