|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Agência ignorou documento de ministério
ALAN GRIPP
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A Anac (Agência Nacional
de Aviação Civil) descartou a
análise de um documento do
Ministério do Desenvolvimento solicitado pela própria agência para apurar a
denúncia de que a venda da
Varig teria sido ilegal.
O documento, de 37 páginas, trazia a relação de empresas registradas na Junta
Comercial do Rio de Janeiro
em nome dos quatro sócios
da empresa Volo do Brasil,
que, em 2006, comprou a VarigLog e, depois, a Varig.
A Anac pediu as informações ao ministério no dia 29
de janeiro de 2007 para investigar denúncia do Snea
(Sindicato Nacional das Empresas Aéreas) de que a composição da Volo desrespeitava a lei que limita em 20% o capital estrangeiro em companhias aéreas.
A empresa é uma sociedade entre o fundo americano
Matlin Patterson e três empresários brasileiros, suspeitos de serem laranjas.
O documento nunca foi
submetido à análise da diretoria da Anac, a exemplo de
informações prestadas pelo
Banco Central e pela Receita
Federal com o mesmo objetivo. Segundo o Ministério do
Desenvolvimento, ele foi enviado no dia 9 de março de
2007. A pasta não quis fornecer cópia do documento, alegando sigilo entre órgãos.
A agência informou ontem
que não conseguiu localizar
o documento em seus arquivos. Disse ainda que ele não
consta do processo que analisou os aspectos legais da
venda da Varig.
O ex-presidente da Anac
Milton Zuanazzi e a ex-diretora Denise Abreu disseram
à Folha que, em razão das
denúncias, foram feitos três
pedidos de informações ao
BC e à Receita, entre agosto
de 2006 e fevereiro de 2007.
O BC e a Receita só confirmam terem recebido, e respondido, um pedido.
As respostas foram enviadas à Anac em 15 e 21 de fevereiro, respectivamente.
Não há pareceres técnicos
sobre o seu conteúdo. O último documento que consta
do processo do caso Varig na
Anac é de 7 de fevereiro. Na
prática, portanto, a agência
encerrou o caso antes de
chegarem respostas oficiais.
A venda da VarigLog para
a Volo foi chancelada pela
Anac oito meses antes, em
23 de junho de 2006. Segundo reconheceu Zuanazzi, a
agência baseou-se apenas
nas informações prestadas
pela própria pretendente,
que apresentou documentos
para tentar comprovar que o
fundo americano tinha só
20% das ações com direito à
voto, como manda a lei.
Texto Anterior: Teixeira quer VarigLog nas mãos de fundo Próximo Texto: VarigLog pode perder sua licença para voar, diz ministro da Defesa Índice
|