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Ex-executivos do Bear Stearns são presos
Ex-dirigentes de fundos são acusados de dar informações falsas sobre aplicações financeiras que quebraram na crise do "subprime"
Fundos dirigidos por
executivos deram prejuízo de
US$ 1,6 bi; operação do FBI
acusa outros 400 por fraude
ligada a hipotecas e prende 60
DO "NEW YORK TIMES"
DO "FINANCIAL TIMES"
Dois ex-dirigentes de fundos
de hedge do banco Bear Stearns
foram presos ontem nos EUA,
acusados de iludir deliberadamente investidores quanto à
condição financeira de aplicações que entraram em colapso
no ano passado.
Em um indiciamento cujo
teor foi revelado ontem, Ralph
Cioffi e Matthew Tannin, que
dirigiam dois fundos de hedge
do Bear Stearns, teriam acalmado os preocupados investidores -informando que as
aplicações representavam uma
"oportunidade espantosa"-
apenas três dias após trocarem
e-mails desesperados em relação ao futuro do investimento.
Cioffi teria transferido cerca
de US$ 2 milhões dos US$ 6 milhões de seu capital pessoal de
um dos fundos para aplicações
mais seguras, sem avisar os investidores, diz o indiciamento.
Os fundos de hedge dirigidos
por eles sofreram pesadas perdas com apostas em títulos lastreados por hipotecas de alto
risco ("subprime") e implodiram em junho de 2007, causando prejuízo de US$ 1,6 bilhão
aos investidores. Os e-mails desesperados são de abril.
A crise do "subprime" começou em 2007 e derrubou Bolsas, resultados de instituições
financeiras e executivos de
bancos nos últimos meses.
Os dois se apresentaram às
autoridades ontem e devem ser
acusados formalmente.
Segundo seus advogados, os
dois se declararam inocentes e
devem contestar as acusações.
Um advogado de Cioffi disse
que dezenas das maiores instituições do país perderam mais
de US$ 300 bilhões com investimentos semelhantes devido à
crise. "Os fundos comandados
por Cioffi sofreram prejuízos
da mesma maneira. Porque
seus fundos foram os primeiros
a entrar em colapso, ele talvez
se tenha tornado um alvo fácil,
mas isso não significa que tenha feito qualquer coisa de errado", disse seu advogado.
Susan Brunne, advogada de
Tannin, disse que ele está sendo "bode expiatório" da crise
generalizada. "Ele tem certeza
de que será absolvido."
As acusações criminais -as
primeiras contra executivos de
Wall Street devido à crise- devem levantar questões sobre a
comunicação de instituições financeiras e seus investidores.
O indiciamento federal diz
que, "em lugar de revelarem o
verdadeiro estado dos fundos
(...), Cioffi e Tannin concordaram em apresentar informações erradas, na esperança
-que se provou fútil- de que
as perspectivas sombrias do
banco viessem a mudar e suas
rendas e reputações pudessem
permanecer intactas".
O colapso dos fundos Bear
Stearns High-Grade Structured Credit Fund e Enhanced
Leverage Fund foi um grande
revés na batalha do Bear
Stearns pela sobrevivência. O
banco terminou vendido ao
JPMorgan Chase em março.
Todd Harrison, sócio do escritório de advocacia Patton
Boggs e antigo promotor federal, disse que o caso "demonstra que o governo está acelerando seus esforços para revelar completamente o que aconteceu de errado durante o fiasco do setor do "subprime'".
Mais acusados
Também ontem, mais de 400
pessoas foram acusadas em
uma operação contra fraudes
no setor de empréstimos imobiliários realizada pelo Departamento de Justiça dos EUA.
A estimativa é que as vítimas
tenham tido cerca de US$ 1 bilhão em prejuízos em 144 operações de hipoteca.
A operação, batizada de "Hipoteca Mal-Intencionada", começou em março e prendeu pelo menos 60 pessoas, diz o FBI.
Tradução de PAULO MIGLIACCI
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