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Com a crise, fome atingirá 1 bilhão de pessoas, diz ONU
Contingente de subnutridos no mundo deve crescer em 100 milhões neste ano
Estimativa é que o total de
subnutridos cresça mais nos
países desenvolvidos, com
alta de 15%; diretor da FAO
vê "crise silenciosa da fome"
DA REDAÇÃO
O número de pessoas que
passam fome no mundo deve
ultrapassar, neste ano, pela primeira vez a marca de 1 bilhão
-ou quase 1 em cada 6 pessoas-, resultado da crise que
aumentou o desemprego e reduziu o poder de compra da população (especialmente dos
mais pobres), segundo a FAO
(organismo da ONU para a
agricultura e a alimentação).
Isso significa que mais 100
milhões de pessoas entrarão na
zona da fome neste ano, encerrando período de mais de 20
anos em que vinha caindo a
proporção da população mundial subnutrida -resultado dos
projetos contra a pobreza e do
crescimento nos últimos anos
de economias como Índia, China e Brasil. Agora, o número deve ficar em torno de 16% da população mundial, retornando
ao nível do período de 1990-92
-entre 2003 e 2005, a população subnutrida era de 13%.
Para a FAO, são subnutridas
pessoas que consomem menos
de 1.800 calorias ao dia, mas esse número varia de país para
país -no Brasil, a exigência é
um pouco maior. Essa quantidade de calorias é a necessária
para que a maioria dos adultos
mantenha seu peso.
O aumento nos preços dos
alimentos, especialmente nos
últimos dois anos, também foi
uma das causas. Apesar de terem recuado em relação aos níveis recorde da metade de
2008, os preços dos alimentos
básicos estavam 24% mais altos
no fim do ano passado do que
dois anos antes. E a alta na cotação não é resultado de colheitas menores, já que a produção
de alimentos esperada para este ano é levemente inferior ao
recorde atingido no ano passado, de acordo com estimativa
da FAO.
"A crise silenciosa da fome,
que afeta um sexto de toda a
humanidade, constitui um sério risco para a segurança e a
paz mundial", disse o diretor-geral da FAO, Jacques Diouf.
"Hoje, o aumento da fome é um
fenômeno global. Todas as regiões foram afetadas."
Segundo as projeções da
FAO, o menor aumento no número de subnutridos, 10,5%
mais que em 2008, ocorrerá na
região da Ásia e do Pacífico
(países como Tailândia, Vietnã
e Papua Nova Guiné), que é o
local que já abriga o maior número de subnutridos, pouco
mais de 600 milhões -sinalizando que a pobreza tem menos espaço para avançar e também consequência do crescimento de economias como
China, Índia e Indonésia, que
estão entre as que melhor absorvem o impacto da crise.
Em contraste, é nos países
desenvolvidos, que foram o epicentro da crise, que a fome deve
avançar mais: alta de 15%. O total, porém, é bastante inferior
ao das demais regiões: 15 milhões de pessoas.
Na América Latina e no Caribe, o número de subnutridos
deve chegar a 53 milhões, 8 milhões a mais do que no período
de 2004 a 2006 (13% de alta),
voltando ao nível dos anos 90.
Com "Financial Times" e agências internacionais
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