São Paulo, sábado, 20 de junho de 2009

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Com a crise, fome atingirá 1 bilhão de pessoas, diz ONU

Contingente de subnutridos no mundo deve crescer em 100 milhões neste ano

Estimativa é que o total de subnutridos cresça mais nos países desenvolvidos, com alta de 15%; diretor da FAO vê "crise silenciosa da fome"


DA REDAÇÃO

O número de pessoas que passam fome no mundo deve ultrapassar, neste ano, pela primeira vez a marca de 1 bilhão -ou quase 1 em cada 6 pessoas-, resultado da crise que aumentou o desemprego e reduziu o poder de compra da população (especialmente dos mais pobres), segundo a FAO (organismo da ONU para a agricultura e a alimentação).
Isso significa que mais 100 milhões de pessoas entrarão na zona da fome neste ano, encerrando período de mais de 20 anos em que vinha caindo a proporção da população mundial subnutrida -resultado dos projetos contra a pobreza e do crescimento nos últimos anos de economias como Índia, China e Brasil. Agora, o número deve ficar em torno de 16% da população mundial, retornando ao nível do período de 1990-92 -entre 2003 e 2005, a população subnutrida era de 13%.
Para a FAO, são subnutridas pessoas que consomem menos de 1.800 calorias ao dia, mas esse número varia de país para país -no Brasil, a exigência é um pouco maior. Essa quantidade de calorias é a necessária para que a maioria dos adultos mantenha seu peso.
O aumento nos preços dos alimentos, especialmente nos últimos dois anos, também foi uma das causas. Apesar de terem recuado em relação aos níveis recorde da metade de 2008, os preços dos alimentos básicos estavam 24% mais altos no fim do ano passado do que dois anos antes. E a alta na cotação não é resultado de colheitas menores, já que a produção de alimentos esperada para este ano é levemente inferior ao recorde atingido no ano passado, de acordo com estimativa da FAO.
"A crise silenciosa da fome, que afeta um sexto de toda a humanidade, constitui um sério risco para a segurança e a paz mundial", disse o diretor-geral da FAO, Jacques Diouf. "Hoje, o aumento da fome é um fenômeno global. Todas as regiões foram afetadas."
Segundo as projeções da FAO, o menor aumento no número de subnutridos, 10,5% mais que em 2008, ocorrerá na região da Ásia e do Pacífico (países como Tailândia, Vietnã e Papua Nova Guiné), que é o local que já abriga o maior número de subnutridos, pouco mais de 600 milhões -sinalizando que a pobreza tem menos espaço para avançar e também consequência do crescimento de economias como China, Índia e Indonésia, que estão entre as que melhor absorvem o impacto da crise.
Em contraste, é nos países desenvolvidos, que foram o epicentro da crise, que a fome deve avançar mais: alta de 15%. O total, porém, é bastante inferior ao das demais regiões: 15 milhões de pessoas.
Na América Latina e no Caribe, o número de subnutridos deve chegar a 53 milhões, 8 milhões a mais do que no período de 2004 a 2006 (13% de alta), voltando ao nível dos anos 90.

Com "Financial Times" e agências internacionais



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