|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Plano de regulação na UE nasce sob críticas
Líderes do bloco apresentam proposta para nova estrutura de regulamentação financeira, mas BCE vê "oportunidade desperdiçada"
Para dirigente do Banco Central Europeu, região corre risco de ficar para trás dos EUA em termos de policiamento de seu sistema financeiro
DA REDAÇÃO
Na mesma semana em que o
governo americano apresentou
a sua proposta de regulação do
sistema financeira, as autoridades europeias chegaram a um
acordo inicial para supervisionar o setor que envolve a criação de órgãos multinacionais.
O principal ponto do plano
europeu, que ainda precisa ser
votado e só deve entrar em vigor no ano que vem, é a criação
de um conselho de risco sistêmico, que teria poder de fazer
recomendações aos governos
dos 27 países da União Europeia -mas não de implementar
as políticas diretamente.
Essa restrição nos poderes
do conselho é uma conquista
do governo do Reino Unido. É
que muito provavelmente o organismo -do qual deverão fazer parte os presidentes de BCs
da UE- será dirigido por Jean-Claude Trichet (o presidente
do banco central dos 16 países
da zona do euro, do qual o Reino Unido não faz parte), o que
significaria ceder influência internamente.
"É simplesmente lógico que
uma decisão que tenha impacto
no contribuinte seja atribuída à
autoridade nacional relevante", afirmou o primeiro-ministro britânico, Gordon Brown.
Ele também garantiu no encontro com os demais líderes
da UE em Bruxelas que os reguladores europeus "não invadam de forma alguma as responsabilidades fiscais dos Estados-membros", ou seja, que
eles não tenham voz no quanto
os países podem gastar -a dívida pública britânica está hoje
no maior nível em ao menos 16
anos devido aos esforços para
combater a recessão.
Para o presidente francês,
Nicolas Sarkozy, a vitória de
Brown, porém, não foi tão
grande. Como há mais mais
países na zona do euro do que
fora dela [16 a 11], o resultado
será o mesmo."
Sarkozy disse que as mudanças representam uma mudança
enorme sobre o enfoque "anglo-saxão" na supervisão financeira do continente. O meu objetivo era conseguir um [órgão]
regulador europeu amplo. Nós
acabamos de dar à luz um novo
organismo europeu com poderes para obrigar. É só um ponto
inicial", afirmou o mandatário.
Além do conselho de risco
sistêmico, deverá ser criado um
sistema de agências de fiscalização financeira (para bancos,
Bolsas e seguros), que deverão
fixar padrões comuns para os
27 países, reforçar a cooperação entre supervisores nacionais e supervisionar as agências
de qualificação de risco.
Com o projeto de regulação,
os chefes de Estado da UE pretendem impedir uma nova crise no sistema financeiro, que
afundou suas economias para
uma profunda recessão e já
custou quase US$ 1 trilhão em
planos de resgate a bancos.
Para Bini Smaghi, membro
do conselho executivo do BCE,
a Europa corre o risco de ficar
para trás dos Estados Unidos
em termos de policiamento de
seu sistema financeiro -o que
faria com que a atual crise se
provasse uma "oportunidade
desperdiçada" para garantir a
estabilidade futura da região.
Ele se mostrou preocupado
quanto à possibilidade de o
conselho sistêmico vir a ter poder insuficiente sobre as autoridades nacionais. Ele alertou
também de que a União Europeia não tem a força de vontade
necessária para empreender
uma grande reforma.
"As forças que pressionam
por preservar a situação tal como existe atualmente estão se
intensificando. Caso não sejam
combatidas de maneira firme,
esta crise pode se tornar uma
oportunidade desperdiçada."
Com "Financial Times" e agências internacionais
Texto Anterior: Ajuda para máquinas deve sair em uma semana Próximo Texto: Justiça: Americano é indiciado por fraude de US$ 7 bi Índice
|