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Juros devem cair mais até o fim do ano
Segundo pesquisa do Banco Central feita com instituições financeiras, a Selic deverá terminar 2006 perto de 14,25%
Juros reais brasileiros, que estão em 10,58% ao ano, ainda são os maiores do mundo, à frente de países como Malásia e Turquia
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
DA REPORTAGEM LOCAL
A taxa Selic deve sofrer mais
dois cortes até dezembro, devendo encerrar 2006 em
14,25% ao ano. Essa é a projeção média dos analistas de mercado consultados pelo Banco
Central na sexta-feira passada.
Ontem o Copom (Comitê de
Política Monetária do BC)
anunciou a redução da Selic de
15,25% para 14,75%.
Segundo essa pesquisa, os juros devem ser reduzidos em
0,25 ponto percentual na próxima reunião do Copom, no final de agosto. Outra queda da
mesma magnitude é esperada
até dezembro.
A expectativa do mercado é
que o comportamento dos preços continue permitindo que o
BC baixe os juros. "Ainda existe
espaço [para novos cortes na
taxa Selic], porque temos um
cenário de inflação bastante
benigno", diz a economista-chefe da Mellon Global Investments, Solange Srour.
Para ela, a inflação deste ano
"não passa de 4,2%", mesmo
que a alta do petróleo no mercado externo leve ao reajuste
dos combustíveis no Brasil. A
economista diz que a taxa Selic
poderia cair para 14% até o final
do ano, sem que fossem criadas
pressões sobre os preços.
Os riscos à concretização
dessas projeções, segundo
Srour, estão concentrados no
cenário externo. Os maiores
perigos estariam nas dúvidas
quanto ao rumo dos juros praticados nos Estados Unidos.
Ontem o presidente do Fed
(o banco central dos EUA), Ben
Bernanke, deu sinais de que o
aperto monetário no país pode
estar perto do fim. Mas o futuro
do cenário americano para os
juros ainda gera dúvidas.
Além disso, existe uma preocupação com o preço do petróleo, que tem batido sucessivos
recordes nos últimos anos e pode subir ainda mais caso os
conflitos entre Israel e Líbano
comecem a afetar outros países
do Oriente Médio.
Srour afirma, porém, que a
própria desaceleração da economia mundial, conseqüência
da alta dos juros nos principais
países desenvolvidos, deve colaborar para conter a demanda
por petróleo, ajudando a frear a
alta das cotações do produto.
De forma geral, a economista
acredita ser pouco provável que
o cenário externo piore de forma significativa. Para a economista, a expectativa ainda é
que, mesmo com esses riscos,
os juros reais continuem caindo ao longo de 2007.
Juro real
Com a redução da Selic ontem, o juro real brasileiro
-considerando a taxa básica e
descontando a projeção do IPCA para os próximos 12 meses- recuou a 10,58%, o maior
do mundo.
Jason Freitas Vieira, economista-chefe da Uptrend Consultoria Econômica, afirma que a decisão de ontem era amplamente esperada.
"Entendo que agora haverá
uma parada técnica. Somente
após as eleições é que os juros
podem voltar a cair. Se vier um
novo corte na taxa Selic, creio
que só acontecerá na última
reunião do Copom do ano [em
28 e 29 de novembro]".
Segundo análise feita pela
consultoria Austin Rating,
"apesar do importante marco
registrado pela redução da taxa
de juro nominal para um patamar histórico, ainda há muito o
que se fazer no campo da taxa
de juro real, que é uma das
maiores do mundo".
Juros reais elevados "implicam maior direcionamento dos
investimentos para o setor financeiro, em detrimento do setor produtivo", completa. A
Austin Rating prevê que os juros reais encerrem o ano em
torno de 10%.
José Arthur Assunção, vice-presidente da Acrefi (Associação Nacional das Instituições
de Crédito, Financiamento e
Investimento), diz que a decisão do Copom já era esperada
pelo mercado e por isso não deverá provocar qualquer mudança de rumo na expectativa
dos agentes econômicos.
"A taxa Selic chegará certamente a 14% até o final deste
ano. Mas se as projeções de inflação continuarem declinantes, não será nada demais cair
abaixo desse patamar, chegando, quem sabe, a 13,5%. Nem
mesmo as eleições presidenciais serão fator de risco para o
país", afirma.
Para o ano que vem, a pesquisa semanal do BC aponta espaço para a taxa Selic recuar um
pouco mais. No fim de 2007, segundo os bancos, a taxa básica
deve estar em 13%.
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