São Paulo, quinta-feira, 20 de julho de 2006

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Redução para o consumidor é de 0,04 ponto percentual, diz estudo

ERNANE GUIMARÃES NETO
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Apesar de o valor de 14,75% representar o nível anual mais baixo desde que a Selic foi criada, em 1986, a nova taxa básica de juros deve ter impacto reduzido nos juros ao consumidor.
A redução de 0,5 ponto percentual no valor do juro básico definido pelo Copom (Comitê de Política Monetária) não obriga o mercado a baixar as taxas de juros. Mas serve de parâmetro e, indiretamente, influencia para baixo as taxas de financiamento ao consumidor.
Com a queda da Selic, cai a rentabilidade dos títulos públicos. Espera-se, como reflexo indireto, que os bancos diminuam as aplicações nesses títulos e disponibilizem mais dinheiro para o crédito. Com maior oferta de crédito no mercado, a tendência é que os bancos baixem seus juros para atrair o público.
O economista Miguel de Oliveira, da Anefac (Associação Nacional dos Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade), acrescenta que os bancos têm folga para repassar reduções em suas taxas maiores do que a queda da Selic: afinal, do BC à pessoa física, os juros aumentam mais de 800%.
Além de considerados altos -o juro médio do cartão de crédito, por exemplo, é de 226,04% ao ano-, os juros diminuíram menos do que a Selic nos últimos anos: de março de 1999 a junho de 2006, a Selic caiu 66,11%, contra 43,80% para o consumidor. Esse é outro fator que pode impulsionar a redução por parte das instituições financeiras e lojas.
Oliveira elaborou uma projeção da queda dos juros ao consumidor no novo cenário, contando apenas com os efeitos diretos da mudança (o repasse de 0,5 ponto percentual à cadeia de custo do dinheiro nos bancos e seu reflexo no crediário, por exemplo). Pela projeção, as taxas mensais à pessoa física devem cair 0,04 ponto percentual como reflexo direto.
A taxa média do crediário em loja, que está em 6,21% ao mês, cairia a 6,17%. Um produto de R$ 800, a ser pago em 12 parcelas, teria a prestação reduzida de R$ 96,52 para R$ 96,31.
Se o mercado não repassar um desconto maior do que a queda da Selic, o juro médio do cartão de crédito continuaria, pela projeção, acima de 224% ao ano.
Com a nova Selic, a taxa média anual para pessoa física cai de 66,50% para 65,73%.


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