São Paulo, quinta-feira, 20 de julho de 2006

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Bernanke sinaliza fim da alta do juro e anima Bolsas

Presidente do BC dos EUA vê desaquecimento acompanhado de inflação menor

Para Fed, economia americana vive período de transição para um crescimento moderado; Dow Jones avança 1,96%

VINÍCIUS QUEIROZ GALVÃO
DE NOVA YORK

Diferentemente das últimas vezes em que afetou o mercado com suas declarações, ao derrubar Bolsas e ser chamado de "bomba-relógio", o presidente do Fed (Federal Reserve, o BC americano), Ben Bernanke, animou investidores ontem, com a sinalização de que o fim do aperto monetário nos EUA pode estar próximo.
Bernanke afirmou que o Fed vê a inflação mais alta que o esperado e que a instituição se mantém vigilante para reduzir os efeitos negativos da escalada dos preços. Ele disse, no entanto, que a economia americana está num "período de transição para um crescimento moderado", e esse "desaquecimento viria acompanhado de desaceleração da inflação". Ou seja, descartou o risco de estagflação, a inflação sem crescimento.
"Devemos levar em consideração os possíveis efeitos futuros de ações de política monetária anteriores, ou seja, os efeitos que ainda estão em andamento. A extensão e o tempo de qualquer ajuste adicional necessário para conter os riscos inflacionários dependerão da evolução das perspectivas tanto da inflação quanto do crescimento econômico", disse Bernanke em texto à Comissão Bancária do Senado americano.
Analistas entenderam os comentários como sinal de possível pausa no ciclo de aumentos nos juros. O banco elevou 17 vezes seguidas as taxas desde junho de 2004, de 1% ao ano para 5,25%. Quando os juros sobem nos EUA, investidores internacionais abandonam aplicações nos mercados emergentes, como o brasileiro, e buscam riscos menores. Os títulos do Tesouro americano são considerados os mais seguros.
"Com a política monetária apropriada e a ausência de acontecimentos imprevistos, a economia deve se expandir em ritmo sustentável, e o núcleo da inflação deve declinar a um termo mediano", disse Bernanke.
A reação positiva no mercado de ações mundial foi imediata. A Bolsa de Nova York (Dow Jones) fechou ontem em alta de 1,96%, e a Nasdaq subiu 1,83%. Em Londres, a Bolsa avançou 1,69%. Em São Paulo, a Bovespa avançou 4,71% (leia abaixo).
A alta das commodities, sobretudo o petróleo, tem pressionado a inflação nos EUA. Mas indicadores econômicos apontam desaquecimento de setores como o imobiliário. Mesmo com tais riscos, Bernanke disse esperar um "declínio gradual da inflação nos próximos trimestres". O índice de preços ao consumidor americano (CPI), divulgado ontem, subiu 0,2% em junho. Sem alimentos e energia -itens mais voláteis-, o indicador avançou 0,3%, o mesmo índice de maio.
A expectativa para as duas taxas era um acréscimo de 0,2%.


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