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Folhainvest
Bancos se mexem para evitar fuga de fundo
Instituições têm reduzido valor mínimo de aplicação inicial para que seus clientes tenham mais opções de investimento
Estratégia é adotada para evitar que o investidor
deixe os fundos e vá para a poupança, que, diante do juro menor, já rende mais
FABRICIO VIEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL
A aceleração do processo de
redução da taxa básica de juros
e o consequente fortalecimento da concorrência representada pela poupança tem feito os
bancos se mexerem na tentativa de evitar uma debandada
dos fundos de investimento.
Por enquanto, os bancos não
têm reduzido a famigerada taxa
de administração. Mas têm
procurado aumentar as chances de seus clientes encontrarem fundos que ofereçam condições melhores e rentabilidades mais interessantes.
O que as maiores instituições
financeiras têm feito é reduzir
o valor mínimo de aplicação
inicial de seus fundos de investimento. Cria-se a oportunidade de o investidor entrar em
uma aplicação com taxa de administração menor. Isso ocorre
porque os fundos que exigem
aportes menores costumam
cobrar as taxas mais elevadas.
Para analistas consultados,
as medidas tomadas foram
mais interessantes para os bancos do que se eles simplesmente tivessem baixado as taxas cobradas em todos os fundos.
A simples redução das taxas
de administração dos fundos
significaria perda imediata e
global para as instituições. Já as
possíveis perdas com os ganhos
das taxas decorrentes das alterações tomadas vão ocorrer
apenas se os clientes decidirem
mudar de aplicação.
Um exemplo de mudança: no
Bradesco, o cliente que tivesse
R$ 5.000 iniciais para aplicar
em um fundo atrelado às oscilações dos juros encontraria
apenas o FIC Curto Prazo, com
taxa de administração de 3% ao
ano. Agora, com esse montante,
pode entrar nos fundos Renda
Fixa Mercúrio e DI Brilhante,
que cobram taxa de 2,5%.
Ou seja, se as taxas não têm
sido cortadas, algumas oportunidades têm surgido para o
cliente encontrar melhores
condições para investir.
"Os bancos têm buscado um
caminho indireto para reduzir
as taxas. O cliente atento, que
mudar de aplicação, aproveitando as medidas que os bancos
têm tomado, conseguirá pagar
uma taxa de administração menor para o mesmo montante
que tem para aplicar. É normal
no mercado que os fundos que
exigem maiores aportes dos
clientes cobrem taxas menores", avalia Mauro Calil, professor e educador financeiro.
No Itaú Unibanco, fundos de
varejo como o Itaú Max DI e o
Itaú Max Renda Fixa diminuíram a exigência de aplicação
mínima inicial de R$ 30 mil para R$ 20 mil. Esses fundos cobram taxa de administração de
1,8% ao ano. No segmento Personnalité, destinado a clientes
de maior renda, é possível encontrar fundos com taxa de 1%
para quem tem ao menos R$ 50
mil para aplicar. Os fundos Itaú
Personnalité Maxime DI e Maxime Renda Fixa baixaram os
aportes iniciais exigidos de
R$ 80 mil para R$ 50 mil.
No Santander Real houve a
alteração de aplicação mínima
em 18 fundos de varejo.
"Temos reduzido o patamar
mínimo de ingresso para que o
cliente tenha mais opções para
entrar em um fundo, buscar a
menor taxa e o melhor retorno", afirma Osvaldo Nascimento, diretor de produtos de investimentos do Itaú Unibanco.
"Os juros mais baixos levam os
investidores a olhar o portfólio
para diversificar."
Competição
Com a taxa básica Selic no
atual nível -está em 9,25% ao
ano e pode ser reduzida mais
um pouco nesta semana-,
muitos fundos que pagam juros
passaram a render menos que a
poupança. Isso ocorre porque a
poupança não cobra taxa de administração nem paga IR.
Nesse contexto, intensificou-se nos últimos meses a discussão em torno do custo das taxas
de administração e da concorrência que a poupança passou a
representar para os fundos.
"O movimento de redução de
aplicação inicial tornou os fundos de investimento mais
atraentes. "Baixar a taxa de administração na ponta seria uma
última solução a ser adotada",
afirma Aquiles Mosca, estrategista do Santander Asset.
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