São Paulo, terça-feira, 20 de agosto de 2002

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CRISE NO AR

Ex-diretor do Banco Central afirma que pretende tornar companhia novamente rentável "a qualquer custo"

Lore assume a Varig e sinaliza demissões

PEDRO SOARES
DA SUCURSAL DO RIO

O novo presidente da Varig, Arnim Lore, 62, assumiu ontem o cargo com a promessa de tornar a companhia novamente rentável -"a qualquer custo"- e retomar o equilíbrio financeiro. Ele não falou em demissões, mas sugeriu que elas podem ocorrer.
Lore, que assumiu a empresa em substituição a Ozires Silva, afirmou que, sem o equilíbrio financeiro, "estamos diariamente nos asfixiando".
Para tornar seu projeto viável, Lore afirmou que a Varig precisa de um novo modo de organização, que privilegie a rentabilidade. A meta será atingida por meio de corte de custos e aumento das receitas, previu.
Nesse novo modelo, afirmou Lore, estão contemplados a devolução de aeronaves e o fim de rotas. "Não é razoável que uma empresa do tamanho da Varig tenha rotas com prejuízo", disse, sem citar quais rotas deixarão de existir.
Há menos de dois meses, a Varig anunciara a devolução de 11 aviões, cujos contratos de leasing não foram renovados. Recebeu, porém, outros três. Com isso, opera com oito aeronaves a menos. Juntas, Varig, Nordeste e Rio Sul têm cerca de cem aviões.
Lore não descarta a demissão de funcionários. Disse que, como foram devolvidos oito aviões, "deve haver um desequilíbrio" na relação número de funcionários por aeronave, um dos principais indicadores de desempenho do setor.
"Quando há esse desequilíbrio, deve haver redução na área administrativa", disse, sugerindo que pode ocorrer corte de pessoal.
Sobre o processo de capitalização da companhia, que conta com o apoio do BNDES, Lore disse julgar suficiente o plano inicial de injetar US$ 300 milhões na empresa. Desse total, um terço viria do BNDES e o restante de novos sócios, que poderiam ser credores e investidores institucionais.
Antes de fechar a capitalização, o executivo considera, porém, que deve ser concluída a renegociação com os credores.
Embora admita a situação difícil da companhia e que deve divulgar nos próximos dias um patrimônio líquido negativo "bastante alto", Lore afirmou que não há conflito com os credores.
Apesar do bom relacionamento, Lore negou que os credores tenham interferido na decisão da companhia de indicá-lo à presidência. Afirmou que foi uma escolha dos acionistas (o maior é a Fundação Rubem Berta).
Lore já foi diretor da área internacional do Unibanco e diretor financeiro da Petrobras -dois dos maiores credores da Varig. O executivo, que também foi diretor do BC, ocupava a diretoria financeira da Rio Sul, do grupo Varig.


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