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Empresa lucra, mas teme se endividar
Falta de disposição para contrair empréstimo mostra incerteza
em relação ao futuro, apesar de ganhos maiores, afirma analista
Receitas, lucros e margens
das empresas abertas
crescem mais que o PIB;
setor petroquímico tem destaque no 1º semestre
DA REPORTAGEM LOCAL
As empresas abertas elevaram suas receitas e lucros de
forma inédita no primeiro semestre, resultado do crescimento da economia, mas demostraram pouca capacidade
para se endividarem e fazerem
investimentos de longo prazo
em suas operações, segundo levantamento da consultoria
Economática, feito a partir dos
balanços de 221 empresas.
Para Fernando Exel, presidente da Economática, a pouca
disposição para se endividar no
mercado e crescer só tem uma
explicação: incerteza no futuro.
"A missão de uma empresa é
se endividar. Ela existe para pegar dinheiro dos outros, com
custo menor, e investir naquilo
que sabe fazer. Depois paga e
ainda tem lucro. Se isso não está acontecendo, é porque ela
tem dúvidas se vale a pena investir. Como a maior parte do
empréstimo é em dólar, pode
ser que tenha medo de a moeda
subir. Também pode ter dúvida
em relação ao crescimento da
demanda. O fato é que há percepção de incertezas."
De acordo com Exel, essa falta de disposição para crescer fica clara quando se analisa a relação entre a dívida e o lucro
operacional da empresa. No
primeiro semestre, essa relação
ficou em 21,5% -no ano passado, era de 18,8%. Isso significa
que, de cada R$ 100 de dívida,
as empresas lucraram R$ 21,50
no período, o que permitiria
um endividamento maior.
"Temos uma folga que poderia ser mais bem aproveitada.
Não é um sinal conclusivo, mas
indica falta de disposição para
crescer ainda mais", diz Exel.
Maior que o PIB
O levantamento mostra ainda que as empresas abertas brasileiras crescem em um ritmo
mais veloz do que o próprio PIB
-o mercado espera crescimento de 4,6% em 2007.
Na média do resultado de 221
empresas não-financeiras que
divulgaram seus balanços no
primeiro semestre, as receitas
cresceram 9,2%, e os lucros,
31,8%, em relação ao mesmo
período do ano passado.
A diferença de ritmo de aumento entre as receitas e o lucro mostra que as empresas
conseguiram aumentar suas
margens de ganho, seja por diminuir seus custos ou -o mais
freqüente- por elevar seus
preços e a escala de vendas. Foi
o que aconteceu no setor petroquímico, considerado o de
maior sucesso no semestre.
"As petroquímicas tiveram
forte recuperação de rentabilidade. Derrubaram custos e aumentaram o repasse de preços,
além de ganhar escala nas vendas para as montadoras e construtoras", diz Eduardo Roche,
da Modal Asset Management.
O setor teve aumento na margem líquida de 10,3% para 12%,
enquanto os lucros saltaram
29,1% no primeiro semestre
em relação ao mesmo período
do ano passado.
(TONI SCIARRETTA)
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