São Paulo, segunda-feira, 20 de agosto de 2007

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Empresa lucra, mas teme se endividar

Falta de disposição para contrair empréstimo mostra incerteza em relação ao futuro, apesar de ganhos maiores, afirma analista

Receitas, lucros e margens das empresas abertas crescem mais que o PIB; setor petroquímico tem destaque no 1º semestre

DA REPORTAGEM LOCAL

As empresas abertas elevaram suas receitas e lucros de forma inédita no primeiro semestre, resultado do crescimento da economia, mas demostraram pouca capacidade para se endividarem e fazerem investimentos de longo prazo em suas operações, segundo levantamento da consultoria Economática, feito a partir dos balanços de 221 empresas.
Para Fernando Exel, presidente da Economática, a pouca disposição para se endividar no mercado e crescer só tem uma explicação: incerteza no futuro.
"A missão de uma empresa é se endividar. Ela existe para pegar dinheiro dos outros, com custo menor, e investir naquilo que sabe fazer. Depois paga e ainda tem lucro. Se isso não está acontecendo, é porque ela tem dúvidas se vale a pena investir. Como a maior parte do empréstimo é em dólar, pode ser que tenha medo de a moeda subir. Também pode ter dúvida em relação ao crescimento da demanda. O fato é que há percepção de incertezas."
De acordo com Exel, essa falta de disposição para crescer fica clara quando se analisa a relação entre a dívida e o lucro operacional da empresa. No primeiro semestre, essa relação ficou em 21,5% -no ano passado, era de 18,8%. Isso significa que, de cada R$ 100 de dívida, as empresas lucraram R$ 21,50 no período, o que permitiria um endividamento maior.
"Temos uma folga que poderia ser mais bem aproveitada. Não é um sinal conclusivo, mas indica falta de disposição para crescer ainda mais", diz Exel.

Maior que o PIB
O levantamento mostra ainda que as empresas abertas brasileiras crescem em um ritmo mais veloz do que o próprio PIB -o mercado espera crescimento de 4,6% em 2007.
Na média do resultado de 221 empresas não-financeiras que divulgaram seus balanços no primeiro semestre, as receitas cresceram 9,2%, e os lucros, 31,8%, em relação ao mesmo período do ano passado.
A diferença de ritmo de aumento entre as receitas e o lucro mostra que as empresas conseguiram aumentar suas margens de ganho, seja por diminuir seus custos ou -o mais freqüente- por elevar seus preços e a escala de vendas. Foi o que aconteceu no setor petroquímico, considerado o de maior sucesso no semestre.
"As petroquímicas tiveram forte recuperação de rentabilidade. Derrubaram custos e aumentaram o repasse de preços, além de ganhar escala nas vendas para as montadoras e construtoras", diz Eduardo Roche, da Modal Asset Management. O setor teve aumento na margem líquida de 10,3% para 12%, enquanto os lucros saltaram 29,1% no primeiro semestre em relação ao mesmo período do ano passado.
(TONI SCIARRETTA)


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