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UBS faz acordo e divulgará nomes de 4.450 clientes
Todos são correntistas norte-americanos envolvidos em suspeita de evasão fiscal
Liberação dos dados é resultado de acordo entre
os EUA e o banco suíço;
contas já movimentaram
cerca de US$ 18 bilhões
JANAINA LAGE
DE NOVA YORK
LUCIANA COELHO
DE GENEBRA
O banco suíço UBS divulgará
os nomes de 4.450 clientes
americanos envolvidos em suspeitas de evasão fiscal. Essas
contas já chegaram a movimentar cerca de US$ 18 bilhões.
A liberação dos dados dos correntistas é resultado de um
acordo fechado na semana passada entre os EUA e o UBS.
O governo americano havia
solicitado na Justiça a divulgação dos nomes de 52 mil clientes americanos que podem ter
usado as contas no exterior para burlar o pagamento de impostos. Com o fechamento do
acordo, o banco se livrou do pagamento de multa e procura
agora resgatar a credibilidade
com os clientes.
A Suíça pode alegar que o sigilo bancário foi mantido, já
que a maioria dos nomes não
será liberada, mas a tendência é
que a proteção bancária dos dados de correntistas no país deixe de ser um diferencial na
atração dos clientes.
Para Doug Shulman, representante da IRS (a Receita Federal dos EUA), o órgão receberá um volume sem precedentes
de informações. "Esse acordo
representa o maior passo
adiante nos esforços da IRS para abrir caminho na cobertura
dada pelo sigilo bancário e para
combater a evasão fiscal. Norte-americanos ricos que esconderam seu dinheiro em contas
offshore vão se encontrar em
uma enrascada", afirmou.
O banco vai começar a notificar, nas próximas semanas, os
clientes que terão seus nomes
revelados. Até o dia 23 de setembro estará em vigor nos
EUA um programa que permite
a concessão de benefícios referentes a punições e a multas para aqueles que se entregarem
voluntariamente.
O caso do UBS deu fôlego ao
programa. Somente no intervalo de uma semana em julho,
400 pessoas se apresentaram
voluntariamente. Em todo o
ano passado, o total foi de 100
pessoas. Segundo reportagem
do "Wall Street Journal", a coleta de informações feita com
esses contribuintes indica que
outros bancos foram usados
para a prática, como o Credit
Suisse Group, Julius Baer Holding, Zürcher Kantonalbank e
UBP (Union Bancaire Privée).
Nesses casos, no entanto, não
há até agora sinais de irregularidades cometidas pelos bancos. Significa apenas que cidadãos americanos abriram contas nesses bancos e agora estão
dispostos a declarar os valores.
Já a investigação de um processo criminal contra o UBS
também relacionado a evasão
fiscal resultou, em fevereiro, na
liberação dos dados de 250
clientes, no pagamento de multa de US$ 780 milhões e em investigação sobre o suposto auxílio do banco para ajudar a
ocultar os ativos dos clientes.
Depoimentos dados à Justiça
indicam, como parte do esquema, abertura de contas em nome de empresas fantasmas sediadas em Hong Kong.
Para liberar os dados dos
4.450 clientes, o governo suíço
colocará 70 advogados e contadores para examinar as contas.
O prazo é de um ano e o esforço
custará cerca de US$ 37 milhões ao governo.
Para a Associação de Bancos
da Suíça, o acordo, ao evitar os
tribunais, é bem-vindo e condiz
"com a legislação suíça". "A solução fora dos tribunais evita
uma arrastada batalha legal cujo resultado seria incerto, e o
UBS pode agora manter seu
processo de consolidação em
uma atmosfera livre dessa incerteza legal", afirma o grupo.
A associação lembra que
muito da carteira de clientes de
seus bancos se deve "à estabilidade e à previsibilidade" do sistema legal no país.
O tom foi semelhante ao adotado pelo governo suíço, que
minimizou eventuais efeitos do
acordo sobre as carteiras de investidores e afirmou que já havia aceitado adotar padrões internacionais de cooperação.
Para a ABS, esses tratados
"condizem com as regras de
troca de informações da OCDE,
onde há suspeitas bem fundamentadas de que delitos tributários tenham sido cometidos".
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