São Paulo, quinta-feira, 20 de agosto de 2009

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Prejuízo da Eletrobrás surpreende mercado

Analistas esperavam uma perda 50% menor; câmbio e dívida de Itaipu afetaram resultado da empresa

SAMANTHA LIMA
DA SUCURSAL DO RIO

O prejuízo da Eletrobrás anunciado anteontem -R$ 1,98 bilhão no primeiro semestre do ano- surpreendeu o mercado. Analistas do setor financeiro esperavam uma perda 50% menor, devido à alta do real. As receitas caíram pela metade entre janeiro e junho, de R$ 4,16 bilhões, no ano passado, para R$ 2,08 bilhões.
"O resultado veio fraco e abaixo das expectativas do mercado", informa relatório do Banco Fator. "É sabido que a estatal sofre com a queda do dólar, mas ninguém entendeu o tamanho dessa perda", diz o gerente de análise do Modal Asset, Eduardo Roche.
A empresa costuma sofrer fortemente o impacto da queda do dólar devido a Itaipu porque receita proveniente da usina (na verdade, o pagamento da dívida que a Itaipu tem com a Eletrobrás por sua construção) é atrelada à moeda americana.
No primeiro semestre de 2008, a empresa teve R$ 984 milhões de lucro. Na época, seu presidente, José Antônio Muniz Lopes, disse que a Eletrobrás se tornaria a "Petrobras do setor elétrico".
Entre abril e junho deste ano, as perdas somaram R$ 2,08 bilhões, ante R$ 101 milhões de lucro no primeiro trimestre. A Eletrobrás atribuiu o resultado "a variáveis econômicas externas à atividade operacional".
Além do câmbio, outro fator negativo, segundo a Eletrobrás, refere-se à correção monetária da dívida de Itaipu. Há dois anos, a legislação determinou que a dívida fosse corrigida, naquele momento, com projeções de inflação americana até 2023.
Como, agora, a inflação americana ficou abaixo do previsto, essa diferença tem que ser lançada como prejuízo, segundo o diretor financeiro da empresa, Astrogildo Quental.
"É prejuízo, mas apenas contábil. Não há rombo no caixa da empresa", disse Quental. O executivo reconheceu que o lançamento pode prejudicar o pagamento de dividendos para este ano, se a empresa chegar ao fim do ano no vermelho.
Para os analistas, porém, o resultado fraco não põe em risco a promessa da empresa de pagar os R$ 9,8 bilhões em dividendos retidos desde os anos 70. A justificativa da empresa, ao longo dos anos, era por necessidade de dirigir recursos para investimentos.


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