|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Prejuízo da Eletrobrás surpreende mercado
Analistas esperavam uma perda 50% menor; câmbio e dívida de Itaipu afetaram resultado da empresa
SAMANTHA LIMA
DA SUCURSAL DO RIO
O prejuízo da Eletrobrás
anunciado anteontem -R$
1,98 bilhão no primeiro semestre do ano- surpreendeu o
mercado. Analistas do setor financeiro esperavam uma perda
50% menor, devido à alta do
real. As receitas caíram pela
metade entre janeiro e junho,
de R$ 4,16 bilhões, no ano passado, para R$ 2,08 bilhões.
"O resultado veio fraco e
abaixo das expectativas do
mercado", informa relatório do
Banco Fator. "É sabido que a
estatal sofre com a queda do
dólar, mas ninguém entendeu o
tamanho dessa perda", diz o gerente de análise do Modal Asset, Eduardo Roche.
A empresa costuma sofrer
fortemente o impacto da queda
do dólar devido a Itaipu porque
receita proveniente da usina
(na verdade, o pagamento da
dívida que a Itaipu tem com a
Eletrobrás por sua construção)
é atrelada à moeda americana.
No primeiro semestre de
2008, a empresa teve R$ 984
milhões de lucro. Na época, seu
presidente, José Antônio Muniz Lopes, disse que a Eletrobrás se tornaria a "Petrobras do
setor elétrico".
Entre abril e junho deste ano,
as perdas somaram R$ 2,08 bilhões, ante R$ 101 milhões de
lucro no primeiro trimestre. A
Eletrobrás atribuiu o resultado
"a variáveis econômicas externas à atividade operacional".
Além do câmbio, outro fator
negativo, segundo a Eletrobrás,
refere-se à correção monetária
da dívida de Itaipu. Há dois
anos, a legislação determinou
que a dívida fosse corrigida, naquele momento, com projeções
de inflação americana até 2023.
Como, agora, a inflação americana ficou abaixo do previsto,
essa diferença tem que ser lançada como prejuízo, segundo o
diretor financeiro da empresa,
Astrogildo Quental.
"É prejuízo, mas apenas contábil. Não há rombo no caixa da
empresa", disse Quental. O
executivo reconheceu que o
lançamento pode prejudicar o
pagamento de dividendos para
este ano, se a empresa chegar
ao fim do ano no vermelho.
Para os analistas, porém, o
resultado fraco não põe em risco a promessa da empresa de
pagar os R$ 9,8 bilhões em dividendos retidos desde os anos
70. A justificativa da empresa,
ao longo dos anos, era por necessidade de dirigir recursos
para investimentos.
Texto Anterior: Infraestrutura: Instituto determina embargo de obra em porto de Imbituba Próximo Texto: Brasil oferece R$ 3,5 bi à Argentina Índice
|