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ENERGIA
País gasta mais que arrecada
Exportação de petróleo bate compra pela 1ª vez
PEDRO SOARES
DA SUCURSAL DO RIO
Apesar de ainda consumir mais petróleo do que produz, o Brasil
exportou em julho, pela primeira vez na história, mais óleo cru e derivados do que importou, segundo dados da ANP (Agência Nacional do Petróleo).
Foram importados 21,125 milhões de barris em julho. Desse total, 11,080 milhões de barris de petróleo bruto e 10,045 milhões de
produtos refinados (diesel, nafta
petroquímica, gás de cozinha e
outros).
As exportações no mês somaram 21,217 milhões -15,984 milhões de barris de óleo cru e 5,233
milhões de barris de derivados.
Houve, portanto, um saldo positivo de 92 mil barris.
Mesmo assim, o país ainda gasta mais dinheiro com as importações do que arrecada com as vendas ao exterior. Isso porque o óleo
que importa é do tipo leve -mais
caro, pois rende um volume
maior de combustíveis nobres-
do que o produto exportado.
O óleo vendido no exterior, produzido no campo de Marlim, é
pesado (20º API) e não está adaptado às nossas refinarias -as unidades são antigas, quando o país
comprava no exterior a maior
parte de seu consumo.
A balança comercial do setor de
petróleo teve um saldo negativo
de US$ 59 milhões em julho
-uma queda de 87% em relação
ao déficit de US$ 456 milhões registrado em julho de 2001.
Além da diferença de preço do
óleo nacional e do importado, o
fato de importar alguns derivados
nobres mais valorizados -como
nafta e GLP- explica também o
maior dispêndio.
Descoberto em 1985, o campo-gigante de Marlim responde pela
exportação de cerca de 300 mil
barris/dia, sendo o principal responsável pelo aumento das exportações brasileiras.
Segundo especialistas do setor,
se o país não investir em novas refinarias ou em adaptações das
atuais, a tendência é que cada vez
mais o Brasil exporte óleo pesado
e seja obrigado a importar derivados. É que todas as recentes descobertas têm sido de óleo muito
pesado, como o do campo de Jubarte (17º API).
A própria ANP prevê um déficit
de 600 mil barris de derivados em
2010, o que justificaria a construção de três novas refinarias.
Para a ANP, o recorde não é
pontual e a tendência é o país consolidar a sua posição de exportador líquido de óleo, sobretudo
por causa do crescimento das
vendas de óleo cru.
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