São Paulo, terça-feira, 20 de setembro de 2005

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CRISE NO AR

Mais uma proposta de investidor estrangeiro é feita a representantes dos trabalhadores e de fundo de pensão da empresa

Grupo europeu diz ter interesse na Varig

CLAUDIA ROLLI
DA REPORTAGEM LOCAL

O grupo ibero-belga Newport Entreprises BVBA, que atua no setor de investimento e de tecnologia, informou a representantes dos funcionários da Varig, do fundo de pensão Aerus e da Fundação Ruben Berta, que está interessado em comprar a empresa.
Essa é mais uma dentre as outras (pelo menos) 12 ofertas de compra que surgiram no último ano. As duas mais recentes -a do grupo Docas, do empresário Nelson Tanure ("Jornal do Brasil" e "Gazeta Mercantil") e a do agente Jaime Toscan (informa representar investidores espanhóis, portugueses e italianos)- foram feitas à Justiça do Rio no início deste mês. A companhia aérea estatal portuguesa TAP também mostrou interesse em comprar a Varig e espera o cumprimento do plano de reestruturação.
O Newport, que informa existir desde 1997, quer investir, inicialmente, US$ 150 milhões na companhia e que pretende assumir as dívidas trabalhistas da Varig, segundo afirma o português José Delfim Gonçalves, presidente do grupo ibero-belga.
Só o passivo trabalhista dos 11.967 funcionários das três companhias do grupo (Varig, Rio Sul e Nordeste) soma R$ 168 milhões, segundo valor reconhecido pela companhia em seu processo de recuperação judicial. A dívida total chega a R$ 7,7 bilhões.
Pelo Código Brasileiro Aeronáutico, o novo controlador poderá comprar 20% da Varig.
"Temos interesse no transporte de passageiros e, inclusive, de carga. Nossa idéia é criar um entreposto em Portugal para receber os produtos brasileiros transportados por via aérea e estabelecer um corredor Brasil-Portugal", afirmou Gonçalves, em entrevista à Folha por telefone. "Queremos fazer uma aposta e mostrar que qualquer empresa sólida, que dizem que está falida, como a Varig, pode ser recuperada".
O empresário não dá detalhes se a proposta de compra seria feita em parceria com outras companhias áreas estrangeiras. Mas informa que o Newport tem investimentos em aviação em empresas na China de na Inglaterra.
Antes mesmo de fazer a oferta à 8ª Vara Empresarial do Rio, procedimento que os investidores têm de adotar, o Newport já faz planos para a companhia: "As vendas pela Internet, que contribuem para cortar custos, podem ser otimizadas", disse Gonçalves. O empresário tem planos de vir ao Brasil nas próximas semanas.
Na lista de investimentos no Newport, estão ainda a compra de fontes de água mineral, de um terminal marítimo (Nordeste) e um pólo de biodiesel em Tocantins.
"Achei estranho que um representante do grupo tenha me ligado na sexta-feira. A proposta, se há interesse de fato na companhia, tem de ser feita à Justiça. Quatro juízes foram escolhidos pelo Tribunal de Justiça carioca para tratar do caso", disse Odilon Junqueira, presidente do Aerus. O fundo de pensão integra a lista de credores da Varig com garantias reais no valor de R$ 1,8 bilhão, segundo reconhece a própria Varig.
Graziella Baggio, presidente do Sindicato Nacional dos Aeronautas, informa que recebeu ontem um fax do grupo Newport. "Não queremos que o grupo seja fatiado, nem que haja demissões. Mas o fato é que eles não apresentaram nada de concreto." A Fundação Rubem Berta (controladora da Varig), preferiu não comentar.
A Folha procurou o presidente do Conselho de Administração da Varig, David Zylbersztajn, mas não conseguiu contato.


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