|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
CRISE NO AR
Mais uma proposta de investidor estrangeiro é feita a representantes dos trabalhadores e de fundo de pensão da empresa
Grupo europeu diz ter interesse na Varig
CLAUDIA ROLLI
DA REPORTAGEM LOCAL
O grupo ibero-belga Newport
Entreprises BVBA, que atua no
setor de investimento e de tecnologia, informou a representantes
dos funcionários da Varig, do
fundo de pensão Aerus e da Fundação Ruben Berta, que está interessado em comprar a empresa.
Essa é mais uma dentre as outras (pelo menos) 12 ofertas de
compra que surgiram no último
ano. As duas mais recentes -a do
grupo Docas, do empresário Nelson Tanure ("Jornal do Brasil" e
"Gazeta Mercantil") e a do agente
Jaime Toscan (informa representar investidores espanhóis, portugueses e italianos)- foram feitas
à Justiça do Rio no início deste
mês. A companhia aérea estatal
portuguesa TAP também mostrou interesse em comprar a Varig e espera o cumprimento do
plano de reestruturação.
O Newport, que informa existir
desde 1997, quer investir, inicialmente, US$ 150 milhões na companhia e que pretende assumir as
dívidas trabalhistas da Varig, segundo afirma o português José
Delfim Gonçalves, presidente do
grupo ibero-belga.
Só o passivo trabalhista dos
11.967 funcionários das três companhias do grupo (Varig, Rio Sul
e Nordeste) soma R$ 168 milhões,
segundo valor reconhecido pela
companhia em seu processo de
recuperação judicial. A dívida total chega a R$ 7,7 bilhões.
Pelo Código Brasileiro Aeronáutico, o novo controlador poderá comprar 20% da Varig.
"Temos interesse no transporte
de passageiros e, inclusive, de carga. Nossa idéia é criar um entreposto em Portugal para receber os
produtos brasileiros transportados por via aérea e estabelecer um
corredor Brasil-Portugal", afirmou Gonçalves, em entrevista à
Folha por telefone. "Queremos
fazer uma aposta e mostrar que
qualquer empresa sólida, que dizem que está falida, como a Varig,
pode ser recuperada".
O empresário não dá detalhes se
a proposta de compra seria feita
em parceria com outras companhias áreas estrangeiras. Mas informa que o Newport tem investimentos em aviação em empresas
na China de na Inglaterra.
Antes mesmo de fazer a oferta à
8ª Vara Empresarial do Rio, procedimento que os investidores
têm de adotar, o Newport já faz
planos para a companhia: "As
vendas pela Internet, que contribuem para cortar custos, podem
ser otimizadas", disse Gonçalves.
O empresário tem planos de vir
ao Brasil nas próximas semanas.
Na lista de investimentos no
Newport, estão ainda a compra de
fontes de água mineral, de um terminal marítimo (Nordeste) e um
pólo de biodiesel em Tocantins.
"Achei estranho que um representante do grupo tenha me ligado na sexta-feira. A proposta, se
há interesse de fato na companhia, tem de ser feita à Justiça.
Quatro juízes foram escolhidos
pelo Tribunal de Justiça carioca
para tratar do caso", disse Odilon
Junqueira, presidente do Aerus. O
fundo de pensão integra a lista de
credores da Varig com garantias
reais no valor de R$ 1,8 bilhão, segundo reconhece a própria Varig.
Graziella Baggio, presidente do
Sindicato Nacional dos Aeronautas, informa que recebeu ontem
um fax do grupo Newport. "Não
queremos que o grupo seja fatiado, nem que haja demissões. Mas
o fato é que eles não apresentaram
nada de concreto." A Fundação
Rubem Berta (controladora da
Varig), preferiu não comentar.
A Folha procurou o presidente
do Conselho de Administração da
Varig, David Zylbersztajn, mas
não conseguiu contato.
Texto Anterior: O vaivém das commodities Próximo Texto: Efromovich compra todas as ações da Avianca Índice
|