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Com turbulência externa, cai entrada de dólares no Brasil na 1ª quinzena do mês
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A turbulência internacional
derrubou a entrada de dólares
no Brasil na primeira quinzena
deste mês. Dados divulgados
ontem pelo Banco Central revelam que US$ 270 milhões entraram no país até o dia 14. O
número representa apenas 4%
do registrado em todo o mês de
agosto (US$ 6,481 bilhões).
Apesar do resultado, o mercado
aposta na volta dos dólares no
curto prazo após a queda dos
juros nos Estados Unidos.
O saldo da primeira metade
deste mês foi garantido pelo resultado comercial, que contribuiu com US$ 1,584 bilhão.
Sem esses dólares gerados pela
exportação de produtos brasileiros, o período teria registrado fluxo negativo porque a conta financeira -que inclui pagamentos e investimentos- ficou
negativa em US$ 1,314 bilhão.
Os números, no entanto, não
surpreenderam o mercado financeiro. Maristella Ansanelli,
economista-chefe do banco Fibra, diz que o resultado fraco
era esperado diante das incertezas geradas pela crise imobiliária nos EUA. "O mais importante é que não vimos a saída
desesperada de investidores."
Mário Battistel, analista de
câmbio da Fair Corretora, diz
que boa parte dos recursos remetidos ao exterior no período
saiu da Bolsa e da renda fixa, especialmente títulos do governo
e juros futuros. Ele cita que, em
momentos de crise, muitas
operações cambiais são postergadas para que o investidor não
seja prejudicado pelo sobe-e-desce das cotações. "Por isso,
prevalece a saída de dólares na
conta financeira. Porque apenas quem tem de pagar é que
acaba operando. Quem não tem
urgência espera."
Mas a chance de a escassez de
dólares continuar é pequena,
dizem os analistas. Após o corte
de 0,5 ponto percentual na taxa
de juros dos EUA, o fluxo de recursos deve aumentar. Analistas apostam em dois principais
motivos para trazer o estrangeiro de volta ao Brasil: o aumento da confiança na economia mundial e a maior diferença entre o juro pago nos dois
países -a chamada arbitragem.
"O corte dos juros mostrou
que o Fed está disposto a atuar
e a fazer de tudo para que a crise não se alastre. Isso reforça a
confiança de que o restante da
economia pode sofrer pouco",
diz Ansanelli. "Com essa confiança, o fluxo de investimentos
volta ao normal, e o Brasil é um
dos principais destinos."
Com a volta das cotações aos
níveis pré-crise, Battistel diz
que o BC deve voltar a comprar
dólares no mercado em pouco
tempo. "Se a recuperação dos
mercados for confirmada com
consistência, o BC volta."
(FN)
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