São Paulo, quinta-feira, 20 de setembro de 2007

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Com turbulência externa, cai entrada de dólares no Brasil na 1ª quinzena do mês

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

A turbulência internacional derrubou a entrada de dólares no Brasil na primeira quinzena deste mês. Dados divulgados ontem pelo Banco Central revelam que US$ 270 milhões entraram no país até o dia 14. O número representa apenas 4% do registrado em todo o mês de agosto (US$ 6,481 bilhões). Apesar do resultado, o mercado aposta na volta dos dólares no curto prazo após a queda dos juros nos Estados Unidos.
O saldo da primeira metade deste mês foi garantido pelo resultado comercial, que contribuiu com US$ 1,584 bilhão. Sem esses dólares gerados pela exportação de produtos brasileiros, o período teria registrado fluxo negativo porque a conta financeira -que inclui pagamentos e investimentos- ficou negativa em US$ 1,314 bilhão.
Os números, no entanto, não surpreenderam o mercado financeiro. Maristella Ansanelli, economista-chefe do banco Fibra, diz que o resultado fraco era esperado diante das incertezas geradas pela crise imobiliária nos EUA. "O mais importante é que não vimos a saída desesperada de investidores."
Mário Battistel, analista de câmbio da Fair Corretora, diz que boa parte dos recursos remetidos ao exterior no período saiu da Bolsa e da renda fixa, especialmente títulos do governo e juros futuros. Ele cita que, em momentos de crise, muitas operações cambiais são postergadas para que o investidor não seja prejudicado pelo sobe-e-desce das cotações. "Por isso, prevalece a saída de dólares na conta financeira. Porque apenas quem tem de pagar é que acaba operando. Quem não tem urgência espera."
Mas a chance de a escassez de dólares continuar é pequena, dizem os analistas. Após o corte de 0,5 ponto percentual na taxa de juros dos EUA, o fluxo de recursos deve aumentar. Analistas apostam em dois principais motivos para trazer o estrangeiro de volta ao Brasil: o aumento da confiança na economia mundial e a maior diferença entre o juro pago nos dois países -a chamada arbitragem.
"O corte dos juros mostrou que o Fed está disposto a atuar e a fazer de tudo para que a crise não se alastre. Isso reforça a confiança de que o restante da economia pode sofrer pouco", diz Ansanelli. "Com essa confiança, o fluxo de investimentos volta ao normal, e o Brasil é um dos principais destinos."
Com a volta das cotações aos níveis pré-crise, Battistel diz que o BC deve voltar a comprar dólares no mercado em pouco tempo. "Se a recuperação dos mercados for confirmada com consistência, o BC volta." (FN)


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