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Americanos cometeram erro no setor imobiliário, diz Lula
LETÍCIA SANDER
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Ao tentar resumir a crise nos
mercados internacionais, o
presidente Luiz Inácio Lula da
Silva disse que "a porca entortou o rabo", pegando de surpresa os compradores de títulos
imobiliários americanos que
acharam que iam ganhar dinheiro "como se estivessem
num cassino".
Lula falava a uma platéia de
indígenas, quilombolas, prefeitos, governadores e ministros,
no lançamento do PAC Funasa,
uma promessa de investimento
de R$ 4 bilhões em saneamento
e saúde para municípios de menos de 50 mil habitantes.
Lula disse que os Estados
Unidos trabalharam equivocadamente o financiamento habitacional. Explicou aos presentes o significado de "subprime"
-"isso é nome de um título
imobiliário americano"-,
acrescentando: "Esta crise que
está envolvendo a Europa, está
envolvendo os bancos americanos, está envolvendo, na verdade, todos aqueles que compraram títulos que não eram de
qualidade, achando que iam ganhar dinheiro como se estivessem num cassino. A porca entortou o rabo, não deu certo e
agora eles estão perdendo".
Lula reafirmou que o Brasil
está tranqüilo. Que a crise, até
agora, "não chegou à fronteira
brasileira, nem à fronteira terrestre, nem à fronteira oceânica". Lula viajará a Nova York no
início da próxima semana para
participar da abertura da Assembléia Geral das Nações
Unidas. Na terça-feira, deverá
ter uma conversa privada com
o presidente George W. Bush. O
pedido partiu do presidente
americano, segundo o porta-voz da presidência, Marcelo
Baumbach. Na semana passada, na Espanha, Lula avisou que
dirá a Bush que "resolva o problema da crise" financeira, porque "nós não deixaremos ela
atravessar o Atlântico".
Balanço de riscos
O presidente do Banco Central Henrique Meirelles disse
ontem que a decisão do Federal
Reserve (Fed, o banco central
norte-americano) de cortar as
taxas de juros em meio ponto
percentual significa que a instituição considerou que os riscos
de recessão neste momento são
maiores que os riscos de avanço
da inflação. "Nos Estados Unidos se usa muito a expressão
"balanço de riscos" e, dentro
desse aspecto, a avaliação do
Fed foi de que hoje os riscos de
uma recessão superam os riscos de inflação", disse.
Meirelles destacou também
o acompanhamento que vem
sendo realizado pelo banco
central americano para prevenir uma crise inflacionária.
Respondendo se o corte das taxas beneficiaria a economia
brasileira, Meirelles, cauteloso,
disse que "decisões positivas
para o Brasil tomadas pelos
bancos centrais de outros países são decisões que sejam certas e que, portanto, mantenham naqueles países não só a
inflação sob controle como
também as perspectivas de
crescimento".
Com DENISE BRITO , colaboração para a Folha
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