São Paulo, quinta-feira, 20 de setembro de 2007

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Americanos cometeram erro no setor imobiliário, diz Lula

LETÍCIA SANDER
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Ao tentar resumir a crise nos mercados internacionais, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse que "a porca entortou o rabo", pegando de surpresa os compradores de títulos imobiliários americanos que acharam que iam ganhar dinheiro "como se estivessem num cassino".
Lula falava a uma platéia de indígenas, quilombolas, prefeitos, governadores e ministros, no lançamento do PAC Funasa, uma promessa de investimento de R$ 4 bilhões em saneamento e saúde para municípios de menos de 50 mil habitantes.
Lula disse que os Estados Unidos trabalharam equivocadamente o financiamento habitacional. Explicou aos presentes o significado de "subprime" -"isso é nome de um título imobiliário americano"-, acrescentando: "Esta crise que está envolvendo a Europa, está envolvendo os bancos americanos, está envolvendo, na verdade, todos aqueles que compraram títulos que não eram de qualidade, achando que iam ganhar dinheiro como se estivessem num cassino. A porca entortou o rabo, não deu certo e agora eles estão perdendo".
Lula reafirmou que o Brasil está tranqüilo. Que a crise, até agora, "não chegou à fronteira brasileira, nem à fronteira terrestre, nem à fronteira oceânica". Lula viajará a Nova York no início da próxima semana para participar da abertura da Assembléia Geral das Nações Unidas. Na terça-feira, deverá ter uma conversa privada com o presidente George W. Bush. O pedido partiu do presidente americano, segundo o porta-voz da presidência, Marcelo Baumbach. Na semana passada, na Espanha, Lula avisou que dirá a Bush que "resolva o problema da crise" financeira, porque "nós não deixaremos ela atravessar o Atlântico".

Balanço de riscos
O presidente do Banco Central Henrique Meirelles disse ontem que a decisão do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano) de cortar as taxas de juros em meio ponto percentual significa que a instituição considerou que os riscos de recessão neste momento são maiores que os riscos de avanço da inflação. "Nos Estados Unidos se usa muito a expressão "balanço de riscos" e, dentro desse aspecto, a avaliação do Fed foi de que hoje os riscos de uma recessão superam os riscos de inflação", disse.
Meirelles destacou também o acompanhamento que vem sendo realizado pelo banco central americano para prevenir uma crise inflacionária. Respondendo se o corte das taxas beneficiaria a economia brasileira, Meirelles, cauteloso, disse que "decisões positivas para o Brasil tomadas pelos bancos centrais de outros países são decisões que sejam certas e que, portanto, mantenham naqueles países não só a inflação sob controle como também as perspectivas de crescimento".


Com DENISE BRITO , colaboração para a Folha


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