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Bolsa sobe 9,57%, no melhor dia desde 99
Expectativa de pacote nos EUA impulsiona todas as ações do índice Bovespa, que encerra semana tensa em alta de 1,27%
Risco-país recua 16%; analistas alertam investidor de que crise ainda não foi resolvida e recomendam cautela nos negócios
FABRICIO VIEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL
A Bovespa foi um dos principais destaques no dia de forte
recuperação dos mercados
acionários no mundo. A valorização de 9,57% registrada pela
Bolsa de Valores de São Paulo
ontem representou o melhor
pregão em quase uma década.
A alta considerável ajudou a
Bovespa a encerrar a semana
no azul. Mas os ganhos acumulados no período foram relativamente tímidos, de 1,27%. No
mês, o índice Ibovespa (a principal referência local) ainda está com perdas, de 4,7%.
O dólar caiu 5,13%, para R$
1,831 (leia à pág. B8).
Em Wall Street, o índice Dow
Jones subiu 3,35%. Na Europa,
a Bolsa de Valores de Londres
teve alta de 8,84%.
A mudança de humor nos
mercados, movida pela expectativa de que o pacote de socorro que o governo Bush prepara
terá impacto suficiente para
aliviar a crise do setor financeiro, provocou uma correria por
pechinchas, que resultou em
alta para todas as 66 ações que
formam o Ibovespa. Com isso,
o giro financeiro somou R$ 7,67
bilhões ontem, volume 30% superior à média diária registrada
no ano.
Antes do pregão de ontem, a
maior alta verificada pela Bovespa havia sido no dia 15 de janeiro de 1999, quando avançou
33,4%, em reação à liberação do
câmbio feita pelo governo.
"Nesses momentos de euforia, aparece comprador para tudo quanto é ação, na tentativa
de não perder oportunidades. É
importante que o investidor
entenda que a crise não foi resolvida e que a Bolsa não vai
agora começar a subir indefinidamente", afirma Luiz Antonio
Vaz das Neves, analista da KNA
Consultores.
A semana começou tensa,
com o colapso do banco americano Lehman Brothers e a necessidade de socorro oficial à
seguradora AIG. A Bovespa
perdeu 7,59% na segunda.
Ontem o Ibovespa encerrou
aos 53.055 pontos, ainda 27,8%
abaixo de sua máxima histórica
-os 73.516 pontos computados
em 20 de maio. No acumulado
do ano, o mercado acionário
ainda opera no vermelho. A Bovespa amarga desvalorização
de 16,95% em 2008.
Mesmo com a escalada da
Bolsa, houve 32 ações do Ibovespa que encerraram a semana com baixa acumulada. No
pregão de ontem, os papéis que
mais subiram superaram os
15% de alta. Entre os ganhos
mais fortes, ficaram Cesp PNB
(21,75%), Usiminas PNA (18%),
Rossi Residencial (17,24%) e
Telemar PN (17,23%).
As ações mais tradicionais tiveram altas um pouco menos
robustas: Petrobras PN se valorizou em 8,63%, e Vale PNA subiu 6,47%. Para os bancos, as altas foram de 9,42% para Banco
do Brasil ON, 8,47% para Itaú
PN e 7,42% em Bradesco PN.
A escalada das ações brasileiras ontem refletiu compras expressivas feitas tanto por investidores locais como por estrangeiros, segundo operadores do
mercado.
Risco menor
Os estrangeiros também voltaram a comprar títulos da dívida brasileira no exterior, o que
fez com que o risco-país tivesse
expressivo recuo de 16% ontem, para os 285 pontos. Durante a semana, o indicador de
risco chegou a superar os 370
pontos.
Com a piora da crise internacional e a elevação da aversão
ao risco, os investidores passaram a se desfazer dos títulos da
dívida -o que impulsionou o
risco-país-, sem que isso significasse que as dúvidas em relação à solvência do Brasil estivessem crescendo.
Na Bovespa, a saída dos estrangeiros tem tido forte peso
na queda que o mercado acionário tem sofrido nos últimos
meses. O saldo das operações
feitas com capital externo deve
ter melhorado ontem, mas até
quarta-feira foi registrada saída
líquida mensal de R$ 1,48 bilhão. No ano, cerca de R$ 17,5
bilhões em capital externo já
deixaram a Bovespa.
Para que o fluxo de recursos
externos volte a melhorar, dando novo fôlego à Bolsa de Valores de São Paulo, é fundamental que a crise internacional
realmente se alivie. Mas os analistas lembram que, mesmo
com a recuperação de ontem, o
cenário ainda é muito incerto.
"Apesar da recuperação de
quinta e, especialmente, de hoje [ontem], o mercado deve seguir sem tendência no curto
prazo, com o noticiário do final
de semana e da próxima semana devendo nortear os investidores", afirma Júlio Martins,
diretor da Prosper Gestão de
Recursos.
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