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TV impõe migração para pacotes mais caros
Empresas de TV paga extinguem planos contratados e os trocam por serviços de custo maior; setor fica entre os líderes de queixas
Venda de transmissão de jogos de futebol está entre as reclamações frequentes, diz representante de órgão de defesa do consumidor
DENISE MENCHEN
DA SUCURSAL DO RIO
PAULA NUNES
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
A proliferação de pacotes de
televisão por assinatura, em
vez de trazer divertimento para
os clientes, tem provocado, em
vários casos, mais transtornos
do que facilidades.
Sob o argumento de que o
plano contratado não existe
mais, empresas forçam a migração para opções mais caras.
A medida, considerada ilegal
por órgãos de defesa do consumidor, não é assumida pelas
operadoras, mas foi relatada
por assinantes ouvidos pela
Folha nas últimas semanas.
No Procon-SP, o número de
queixas revela a insatisfação
dos clientes. As empresas de televisão por assinatura estão entre as que mais recebem reclamações, atrás apenas das de telefonia - já são 449 neste ano.
O órgão não informa quantos
dos registros são relativos a
mudanças nos pacotes -que,
segundo os assinantes, podem
ocorrer de diferentes maneiras.
A engenheira de software
Debora Theodoro recebeu no
dia 21 de agosto um e-mail informando que o plano da Net,
no Rio, estava sendo "descontinuado" e seria substituído por
outro, com mais canais de filmes, mas sem outros 14. O valor
da mensalidade subiria até 8%.
"O e-mail dá a entender que,
a qualquer momento, eles vão
mudar o plano e eu vou ter que
pagar mais caro", diz Theodoro. "Eu contratei um plano, eles
têm que me oferecer o plano
que eu contratei. Mas eles querem que eu pague mais e ainda
dizem que alguns canais vão ficar indisponíveis. É absurdo."
Assinante da Sky, o administrador de empresas Fabio Cavallini, de São Paulo, também
enfrenta problemas devido a
um plano que a empresa deixou
de comercializar. O incômodo
começou quando ele notou um
aumento na mensalidade.
"Liguei para reclamar e me
disseram que meu pacote havia
acabado e que por isso tinham
me colocado em outro com
mais alguns canais", afirma.
Ele diz que ligou várias vezes
para a empresa até um atendente, depois de ouvir que ele
iria cancelar a TV, oferecer um
desconto. A validade da oferta é
de seis meses, e sempre que esse prazo se aproxima ele tem
que negociar sua prorrogação.
Já a professora Vera Lúcia da
Rocha Santos, moradora do
Rio, diz ter recebido um telefonema da Net avisando que precisava trocar seu receptor, analógico, por um digital. Quando a
conta chegou, o valor do plano
tinha passado de cerca de R$
150 para mais de R$ 200, e o
ponto adicional, antes gratuito,
agora custava R$ 25.
Depois de ligar várias vezes
para a empresa sem conseguir
reverter o aumento, ela cancelou o ponto adicional e migrou
para um pacote mais barato.
"Perdi muitos canais, mas não
tinha estrutura emocional para
enfrentar um embate", diz.
Outra queixa diz respeito a
canais e serviços oferecidos como "degustação" -condição da
qual, muitas vezes, o cliente toma conhecimento apenas
quando a "oferta" termina. Foi
o que ocorreu com a gerente de
comunicação institucional Daniela Costa Campos, 28, que
decidiu assinar um plano da
Net atraída pela diversidade de
canais e pela interatividade.
Depois de um mês, ela viu a
função de interatividade parar
de funcionar. Foi informada de
que, se quisesse continuar com
o serviço, teria de migrar para
um novo plano. "Fiquei tão
nervosa que nem quis ouvir o
valor", afirma.
O coordenador do Procon em
Porto Alegre, Omar Ferri, cita
ainda a venda do pacote de jogos do Campeonato Brasileiro
como motivo de queixas, principalmente entre os clientes do
plano básico de TV.
"Na hora de vender, eles prometem todos os jogos, mas depois algumas partidas são
transmitidas apenas em canais
de que o usuário básico não dispõe em seu contrato."
Segundo ele, o órgão tem
obrigado as operadoras a liberar esses canais para que o assinante do "pay-per-view" possa
ver todas as partidas.
Colaborou GRACILIANO ROCHA ,
da Agência Folha, em Porto Alegre
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