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IMPOSTO DO CHEQUE
Medida que tira tributo de investidor estrangeiro em Bolsa poderá atingir também o investidor local
Governo estuda ampliar isenção da CPMF
NEY HAYASHI DA CRUZ
SÍLVIA MUGNATTO
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Depois de isentar os estrangeiros do pagamento da CPMF em
transações no mercado de ações
brasileiro, o governo ainda estuda
estender o mesmo benefício para
investidores brasileiros.
O assunto foi um dos pontos
tratados no encontro que o presidente da Bolsa de Valores de São
Paulo, Alfredo Rizkallah, teve ontem com o presidente Fernando
Henrique Cardoso.
Rizkallah afirmou que a Bovespa "nunca pediu ao governo que
os investidores da Bolsa fossem
isentos", mas disse que "como nada ainda foi alterado legalmente",
a discussão sobre a Contribuição
Provisória sobre Movimentação
Financeira continua.
A assessoria do ministro Pedro
Malan (Fazenda) confirmou ontem que o assunto ainda está sendo analisado pela equipe econômica, mas que nada foi decidido
sobre a possibilidade de isentar
outros investidores do pagamento da CPMF.
Na quarta-feira, o diretor de Política Monetária do Banco Central, Luiz Fernando Figueiredo,
anunciou medida do CMN (Conselho Monetário Nacional) que,
na prática, isentou os estrangeiros
que investirem em ações no Brasil
do pagamento da CPMF.
Na ocasião, Figueiredo disse
que "nenhum assunto está morto
nunca. Essa é uma questão complexa que continuará sendo estudada". O presidente do BC, Armínio Fraga, defende a isenção da
CPMF nas operações em Bolsas.
Principal opositor da medida
no governo, o secretário da Receita Federal, Everardo Maciel, disse
ontem, por meio de sua assessoria, que não iria comentar o benefício concedido aos investidores
estrangeiros.
Maciel sempre se mostrou contra a medida, afirmando que uma
eventual isenção da CPMF teria
de ser aprovada pelo Congresso
Nacional.
Se já estivesse valendo no ano
passado, a isenção da CPMF para
os estrangeiros teria custado R$
80 milhões aos cofres da Receita
Federal, segundo estimativa feita
pelo superintendente a Bovespa,
Gilberto Mifano. Isso equivale à
metade do total arrecadado pelo
governo sobre as operações na
Bolsa de São Paulo em 1999.
De acordo com Rizkallah, porém, essa perda de arrecadação é
compensada "em duas ou três vezes" pela quantidade de investidores locais que serão atraídos ao
mercado pelo aumento da participação dos estrangeiros.
Pelo raciocínio do presidente da
Bovespa, o maior interesse dos estrangeiros no mercado brasileiro
vai se traduzir em maior liquidez
na Bolsa paulista. Essa maior liquidez atrairia um número maior
de investidores brasileiros -que
continuam a pagar CPMF- ao
pregão.
Os efeitos da decisão do CMN
não vão ser sentidos imediatamente pelo mercado. Segundo
Mifano, a CBLC (Companhia
Brasileira de Liquidação e Custódia) ainda deve levar de 30 a 60
dias para se adaptar às novas normas.
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