São Paulo, domingo, 20 de outubro de 2002

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Para analistas, pressão inflacionária é inevitável

DA REPORTAGEM LOCAL

A recente elevação dos juros para 21% ao ano não será suficiente para evitar todo o repasse da disparada do dólar para os preços. E, mesmo que a moeda norte-americana recue com o fim da ansiedade criada pelo período eleitoral, haverá pressão inflacionária no ano que vem, na análise dos economistas consultados pela Folha.
"O aumento de custo gerado pela desvalorização do real ocorrida até agora será carregado para 2003", afirma Luís Suzigan, economista da LCA Consultores.
A meta de inflação do governo, medida pelo IPCA, para o ano que vem é de 4%, com intervalo de variação de 2,5 pontos percentuais para cima ou para baixo. Mas nem mesmo o BC acredita que a inflação ficará em 4% no ano que vem. A autoridade monetária justificou a recente elevação dos juros, por exemplo, como necessária para que a inflação oscile entre 4,5% e 5% em 2003.
O mercado já trabalha com expectativas ainda maiores. Na última pesquisa Focus -feita pelo BC com o mercado no dia 11 deste mês-, as previsões para o IPCA em 2003 eram de 5,85%. A causa principal para a previsão elevada é a desvalorização do real.
Para a LCA Consultores, o dólar médio no ano que vem deve ficar ao redor de R$ 3,35, ou 15% maior do que o deste ano (R$ 2,95), no cenário mais provável traçado pela consultoria -um motivo de pressão sobre os preços. Para a LCA, o novo governo também não vai conseguir segurar os preços das tarifas públicas -outra pressão sobre a inflação.
Para Roberto Padovani, economista da consultoria Tendências, a pressão sobre a inflação no ano que vem virá principalmente dos preços administrados, como energia elétrica, e também dos combustíveis. "São reajustes de preços que vão contaminar a inflação", afirma Luiz Rabi, economista-chefe do Bicbanco.
Existe a percepção até de que o BC poderá, até o fim do ano, voltar a elevar os juros, caso o dólar se mantenha pressionado e a meta de inflação para 2003 continue ameaçada. "A atual administração do BC já deixou claro que fará de tudo para combater a inflação", diz Tomás Málaga, economista-chefe do Itaú. (EF, FF e JAD)




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