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SEM CONEXÃO
Depois da privatização da Telebrás, empresas do setor substituíram atendimento público pelo serviço 0800
Teles terão de reabrir postos, diz governo
DA SUCURSAL DO RIO
O subcontrolador-geral da
União, Jorge Hage, afirmou à Folha que as companhias telefônicas
terão de abrir postos de atendimento em todas as localidades
atendidas com telefonia residencial. As auditorias realizadas no
municípios a partir de abril, diz
ele, mostram que os postos foram
praticamente abolidos após a privatização da Telebrás, em 98.
""As empresas querem atender
com o serviço 0800, mas não é o
caso. É preciso haver um local ao
qual os usuários possam se dirigir
para registrar suas queixas e se informar sobre seus direitos", afirmou o subcontrolador.
O Plano Geral de Metas de Qualidade, aprovado por resolução da
Anatel, diz que as concessionárias
devem oferecer atendimento público em todas as localidades em
que haja telefonia residencial. A
Anatel tem multado empresas pelo fechamento dos postos.
Segundo a Folha noticiou ontem, a CGU apontou falhas no
cumprimento das metas de qualidade e de universalização das metas de telefonia em 92 de cem municípios fiscalizados nos meses de
julho e agosto.
Hage disse que espera uma ""explicação convincente" da Anatel
para o fato de ter certificado a antecipação do cumprimento das
metas de universalização de dezembro de 2003 da Telemar e da
Telefônica no ano passado.
A Brasil Telecom anunciou a
antecipação das metas em fevereiro deste ano e espera a certificação
da Anatel nos próximos dias.
""A julgar pela amostragem fiscalizada pela CGU, as metas não
foram cumpridas", afirmou o
sub-controlador. Segundo ele, os
relatórios foram encaminhados
ao Ministério das Comunicações,
ao Tribunal de Contas da União e
ao Ministério Público Federal.
Orelhões
Entre as metas de universalização das companhias telefônicas
está a instalação de pelo menos
um orelhão nas localidades com
população entre 300 e 600 habitantes.
A fiscalização da CGU aponta
várias localidades em que tal obrigação não estaria sendo cumprida. Um dos exemplos é Castelo do
Piauí, a 186 Km de Teresina.
O médico José Itamar Lima
Martins (PFL), prefeito da cidade,
diz que a região tem nove povoados com mais de 300 habitantes,
sem atendimento telefônico.
Os povoados Cumbe de Baixo,
Palmeira e São Mateus têm duas
sessões eleitorais e cerca de 500
eleitores, cada um, o que indicaria
uma população muito maior do
que os 300 moradores necessários
para a instalação de um telefone
público.
A regulamentação da Anatel define como localidades as aglomerações contínuas de casas, com
ruas definidas. Por este critério,
segundo a Telemar, os povoados
citados têm menos de 300 habitantes.
O prefeito diz que o critério da
Anatel não reflete a realidade do
meio rural. Ele diz que o município tem 45 escolas e três postos de
saúde em povoados sem nenhum
meio de comunicação.
Os moradores têm de se dirigir à
sede municipal para falar ao telefone. O transporte é feito em caminhonetes e a passagem custa
cerca de R$ 5,00.
O prefeito de Pau D'Arco, em
Tocantins, José Carlos Ferreira
(PL), queixa-se do mesmo problema. A cidade fica a 420 Km de
Palmas e vive da pecuária e do
ecoturismo.
Segundo Ferreira, o município
tem duas agrovilas com populações equivalentes (cem famílias).
Uma tem telefone, e a outra não.
A concessionária de telefonia
local -no caso, a Brasil Telecom- é responsável por atender
as localidades até 30 Km da cidade. Fora disso, a responsabilidade
é da Embratel.
Segundo o prefeito, a Embratel
colocou orelhão na agrovila Sudam, mas a Brasil Telecom não
fez o mesmo na agrovila Filadélfia.
"A região tem boas estradas,
água, luz, escolas de 2º grau e postos de saúde, mas falta telefone, o
que impede o desenvolvimento
do turismo", diz ele.
Outro lado
A Anatel disse que só vai se pronunciar sobre o caso depois de
analisar dos relatórios da CGU.
A Telemar, Brasil Telecom e Telefônica afirmam que atingiram
metas de universalização dos serviços estabelecidas para dezembro de 2003 e que seguem, rigorosamente, a regulamentação da
Anatel.
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