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RECEITA ORTODOXA
Para analistas, decisão de ontem do Copom de reduzir Selic em meio ponto percentual era esperada
Mercado prevê novos cortes "conservadores"
DA REPORTAGEM LOCAL
A decisão do Banco Central de
ontem, de reduzir a taxa básica
em 0,50 ponto percentual, para
19% anuais, era esperada por boa
parte do mercado financeiro. Outra parcela afirmava que o corte
poderia ser só de 0,25 ponto.
Mesmo que muitos critiquem o
conservadorismo do BC -até
mesmo o presidente Luiz Inácio
Lula da Silva se pronunciou nesse
sentido há poucos dias, afirmando que haveria condições de a taxa básica Selic estar abaixo do
atual nível-, poucos afirmam
acreditar que isso pudesse já ter
de fato acontecido.
"Não dava para esperar algo
muito diferente da decisão de hoje [ontem]. O BC trabalha mesmo
com movimentos graduais, lentos. Havia até bastante gente falando que o BC poderia reduzir a
Selic em apenas 0,25 ponto, devido a seu perfil conservador", afirma Maristella Ansanelli, economista-chefe do banco Fibra.
Mas o corte de 0,50 ponto percentual na Selic não foi encarado
de forma negativa. Analistas do
mercado financeiro viram a decisão como uma sinalização do
Banco Central de que a atividade
econômica será estimulada.
"Com esse corte, a curva da taxa
de juros futuro vem para baixo, e
é ela o parâmetro das taxas cobradas na concessão de crédito", diz
Luis Fernando Lopes, sócio do
Pátria Banco de Negócios.
Roberto Luis Troster, economista-chefe da Febraban, considerou que o aumento do ritmo da
queda do juro foi "uma decisão
correta do BC, dada a forma como
vem sendo conduzido o regime
de metas de inflação".
Na opinião do economista, "o
cenário externo está tranqüilo,
apesar do aumento da volatilidade, e as expectativas de inflação
estão convergindo para as metas
de longo prazo".
Futuro
Os contratos futuros de juros,
com vencimento em até nove meses, estavam projetando queda
entre 0,25 ponto a 0,50 ponto percentual. A partir de hoje, o mercado passará a projetar cortes, da
mesma magnitude do feito ontem, para os próximos meses e até
meados de 2006, segundo avaliação de Lopes. "Isso vai melhorar a
situação do tomador de crédito e
as contas fiscais", acrescenta.
Na opinião de Lopes, a decisão
do Copom mostrou que o Banco
Central está mais confiante com a
trajetória da inflação e fez uma
aposta mais ousada.
O último boletim semanal elaborado pelo Copom a partir de
pesquisa feita com instituições financeiras mostrou que a expectativa média do mercado é que a taxa Selic estará em 18% no fim de
2005 -o que embute mais dois
cortes de 0,50 ponto nas reuniões
do Copom de novembro e dezembro.
Analistas afirmam que somente
se o cenário econômico melhorasse surpreendentemente
-com os índices de inflação presente e projeções futuras recuando além do esperado- o BC poderia acelerar o afrouxamento da
política monetária.
Como o dólar continua em níveis baixos, mesmo com as intervenções da autoridade monetária
-que, estima o mercado, já comprou neste mês cerca de US$ 1 bilhão-, um fator potencial de
pressão inflacionária segue sem
assustar.
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