São Paulo, segunda-feira, 20 de outubro de 2008

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Governo vai estimular PAC e mercado interno, diz Lula

Presidente afirma que investimentos em obras não serão afetados pela retração do crédito

Em discurso na Grande SP, presidente volta a dizer que Planalto não vai anunciar pacote econômico para combater efeitos da crise

CLAUDIO DANTAS SEQUEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse ontem que manterá os investimentos do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento), apesar da escassez de crédito decorrente da crise financeira. Em ato político de apoio à candidatura de Luiz Marinho à prefeitura de São Bernardo do Campo, Lula afirmou que fomentar o mercado interno é o melhor remédio para lidar com a eventual redução das exportações.
"Obviamente não posso fingir que não há uma crise. Mas ela vai chegar mais forte aqui se houver uma recessão profunda nos EUA e na Europa e diminuir as exportações. Por isso é que nós vamos continuar fomentando o mercado interno. Por isso é que nós vamos continuar a fazer as obras do PAC."
Lula ressaltou que, dos investimentos que a Petrobras tem programados até 2012, "US$ 104 bilhões são do caixa próprio". "É dinheiro da Petrobras para fazer os investimentos que temos que fazer aqui", disse o presidente, citando que Gerdau e Vale não vão parar seus projetos. Lula descartou mais uma vez a possibilidade de adotar um pacote econômico.
"Eu nunca conversei tanto com o meu ministro da economia, com o presidente do Banco Central, com economistas e com empresários como eu tenho conversado. Nós não vamos nunca anunciar pacote, nunca. Porque, toda vez que nós anunciamos pacote, o povo ficou no prejuízo", disse. Lula defendeu "medidas pontuais", comparando-as com remédios. "Dor de barriga, é remédio para dor de barriga. Calo no pé, é remédio para calo no pé."
O presidente anunciou que amanhã vai se reunir com o ministro da Fazenda, Guido Mantega, e o presidente do Banco Central, Henrique Meirelles. Também devem participar do encontro, segundo ele, os presidentes do Banco do Brasil e da Caixa Econômica. Lula disse que os bancos brasileiros estão menos endividados do que os estrangeiros e pediu "tranqüilidade" à população.
"Podemos ter problemas, mas a crise não se enfrenta com medo. Vocês não devem se endividar mais do que podem, mas também não devem deixar de comprar o necessário", afirmou. Como em outros discursos, Lula disse que o governo fez a lição de casa, ao "acumular reservas", em vez de gastar.
Segundo o presidente, o governo dispõe de US$ 207 bilhões como garantia de oferta de crédito. "Nós não vamos parar um projeto do PAC, e a Petrobras não vai parar um projeto dela. Nós vamos mostrar que podemos ter problemas, mas que crise a gente não enfrenta escondido e com medo. Crise, a gente levanta a cabeça e tenta transformá-la em uma coisa importante para o Brasil."


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