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Capital externo na Bolsa é taxado pela 1ª vez
Entrada de capital estrangeiro pagará 2% de IOF em renda fixa e em renda variável; investimento produtivo fica isento
Segundo o ministro da Fazenda, Guido Mantega,
os objetivos são frear a especulação no mercado
de capitais e segurar o dólar
DENYSE GODOY
DA REPORTAGEM LOCAL
O governo Lula, que tanto comemora o fato de o Brasil ser
um dos países que mais atrai
capitais no mercado global,
anunciou ontem medidas para
taxar esse capital externo.
Conforme a Folha noticiou
no último sábado, o ministro
da Fazenda, Guido Mantega,
anunciou ontem que todos os
recursos que vierem de fora para serem aplicados na Bolsa de
Valores ou em instrumentos de
renda fixa, como títulos públicos, a partir de hoje passarão a
pagar 2% de IOF (Imposto sobre Operações Financeiras) no
momento em que entram no
país. Os investimentos produtivos -como os feitos em indústrias ou infraestrutura-
não sofrerão cobrança.
A medida deve ser publicada
no "Diário Oficial" de hoje como decreto e não tem data para
acabar. É a primeira vez que as
aplicações de estrangeiros em
Bolsa são taxadas. Sobre os investimentos em renda fixa, vigorou, de março a outubro de
2008, alíquota de 1,5% de IOF.
"Há um crescente interesse
pelo Brasil, que é sólido e muito atrativo, daí o grande fluxo
de dinheiro para o país. Nossa
preocupação é com quem entra
para especular na Bolsa e com
o excesso de valorização do
real", disse Mantega, em entrevista em São Paulo. "Claro, os
investidores estrangeiros compram ações de empresas brasileiras porque elas têm boas
perspectivas, mas queremos
prevenir os excessos. Não permitiremos exageros."
O câmbio apreciado é um
problema, continuou Mantega,
porque prejudica os exportadores "e, assim, ameaça o emprego do trabalhador do país".
"Não podemos de nenhuma
maneira perder a concorrência
no mercado internacional",
afirmou. Ele frisou que a decisão não tem a intenção de elevar a arrecadação de impostos,
que caiu, neste ano, devido aos
efeitos da crise. "O objetivo é
regular o fluxo de capitais."
Segundo Mantega, o presidente Lula tomou a decisão final de adotar a taxação na tarde
de ontem.
A sugestão de especialistas
era taxar os recursos que ficassem no Brasil por prazos curtos, mas a regra agora adotada
pelo governo não estipula limites mínimos de permanência.
"Os recursos que passam no
país por poucos dias não serão
estimulados. No entanto, no
caso daqueles que ficarem um
ou dois anos, essa cobrança será diluída e praticamente desaparecerá dos custos."
Juros
Para Mantega, a recriação do
imposto não deve significar
uma elevação da cotação do dólar, mas ajudará a impedir baixas adicionais da moeda.
Questionado se, em vez de taxar o investimento estrangeiro,
não valeria mais a pena continuar reduzindo os juros básicos
do país, atualmente em 8,75%
ao ano e apontados como um
dos maiores encantos do Brasil,
ele respondeu que "o próprio
presidente do Banco Central,
Henrique Meirelles, tem apontado que a inflação está sob
controle". Por isso, não haveria
necessidade de voltar a aumentar os juros em 2010, como prevê o mercado.
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