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Hyundai vence leilão e fica com Kia e Asia
MARCIO AITH
de Tóquio
Num resultado "caseiro" e polêmico, a Hyundai Motor, maior fabricante de automóveis da Coréia
do Sul, ganhou ontem o terceiro
leilão realizado para a aquisição
das montadoras falidas Kia e Asia,
também sul-coreanas.
A Hyundai Motor é uma unidade
do grupo Hyundai, maior conglomerado de empresas do país.
A Kia Motors era a segunda
montadora do país quando quebrou. Juntamente com a Asia Motors, sua afiliada, ela entrou em colapso em meados do ano passado,
marcando o início de um processo
de falências generalizadas que caracterizou a entrada da Coréia do
Sul na crise financeira asiática.
Kia e Asia haviam ganho fortes
incentivos para começar a produzir no Brasil e, com as dificuldades,
paralisaram o projeto.
Embora quebradas, as duas empresas só não entraram em liquidação porque o governo da Coréia
do Sul praticamente as nacionalizou, socorrendo-as com dinheiro
do Korean Development Bank
-uma espécie de BNDES sul-coreano, hoje o maior acionista das
duas empresas.
A norte-americana Ford, única
companhia estrangeira no leilão,
era tida como favorita até domingo
passado, mas teve sua proposta rejeitada. A Ford teria exigido que os
credores abrissem mão de uma
parte muito alta dos cerca de US$ 9
bilhões que as duas companhias
devem. "Estamos desapontados
porque oferecemos a melhor proposta", disse o diretor de relações
públicas da Ford para o continente
asiático, Ken Brown.
A Ford e sua afiliada japonesa
Mazda já são acionistas da Kia
(possuem 17% das ações) e uma vitória no leilão permitiria a elas um
aumento substancial em seus negócios na Coréia do Sul, país estrategicamente colocado, tendo em
vista a proximidade com a China,
mercado consumidor de carros
que mais cresce no mundo.
O presidente da Hyundai Motor,
Chung Mong-kyu, afirmou que
convidará outros investidores (incluindo montadoras estrangeiras
como a Ford) a tomarem parte da
compra da Kia e da Asia. Apesar de
ter participado e ganho o leilão, a
Hyundai Motor também passa por
enormes dificuldades financeiras.
O leilão foi promovido pelos credores das duas empresas, ambas
afiliadas do grupo Kia.
Até o anúncio do resultado de
ontem, imaginava-se que o governo da Coréia do Sul estaria "torcendo" para a Ford. Isso porque o
presidente Kim Dae Jung tenta a
todo o custo abrir o país ao capital
estrangeiro e reduzir o poder dos
conglomerados.
Nos negócios, a Coréia do Sul é
tida como um dos países mais xenófobos do mundo (avesso a pessoas e a coisas estrangeiras).
O presidente da Kia Motors, Lee
Jong-dae, disse que a Ford foi desqualificada por critérios técnicos.
Os dois leilões anteriores foram
considerados nulos pelos credores, que não ficaram satisfeitos
com as propostas das candidatas.
Os credores também podem
anular o leilão de ontem, mas o governo sinalizou que está disposto a
forçá-los a aceitar a Hyundai como
vencedora.
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