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Giambiagi chefia departamento do BNDES
Economista afastado do Ipea assumirá cargo de comando no banco, mas com pouca voz no debate macroeconômico
Um dos quatro economistas do instituto barrados pelo novo presidente, Marcio Pochmann, ele evita comentar novas funções
PEDRO SOARES
DA SUCURSAL DO RIO
Afastado da coordenação do
Grupo de Acompanhamento
Conjuntural do Ipea (Instituto
de Pesquisa Econômica Aplicada), o economista Fábio Giambiagi assumirá a chefia do Departamento de Gestão de Risco
do BNDES (Banco Nacional de
Desenvolvimento Econômico e
Social), instituição da qual é
funcionário de carreira.
Tida como "desenvolvimentista", a nova direção do Ipea
afastou na semana passada
Giambiagi e mais três pesquisadores não-alinhados com essa
linha de pensamento econômico: Otávio Tourinho (também
funcionário do BNDES), Gervásio Rezende e Regis Bonelli
(ambos aposentados do Ipea).
Os quatro são defensores do
corte de gastos públicos, em desacordo com a visão da atual diretoria do Ipea, comandado por
Marcio Pochmann.
Giambiagi retorna, porém, ao
BNDES com um cargo de destaque: a função de chefe de departamento está na hierarquia
do banco atrás apenas das de
diretor e superintendente.
O economista terá, porém,
menos visibilidade. Dedicada a
classificar o risco das empresas
que tomam empréstimo no
banco, a área é extremamente
técnica e não permite muito espaço para a discussão macroeconômica, da qual o economista foi um dos protagonistas nos
últimos anos.
Procurado, Giambiagi evitou
confirmar sua nomeação: "Está
mais ou menos encaminhada,
mas ainda é uma possibilidade." A Folha apurou, porém,
que a diretoria do banco já definiu seu nome para o posto.
Giambiagi estará subordinado à diretoria de Planejamento
do banco de fomento, comandada por João Carlos Ferraz.
Levado para o BNDES pelo
atual presidente do banco, Luciano Coutinho, Ferraz também é "desenvolvimentista" e
se aproxima ideologicamente
dos economistas que hoje dirigem o Ipea.
Ao assumir a presidência do
Ipea em agosto, Pochmann, ex-secretário de Marta Suplicy em
São Paulo, mudou cinco dos
seis diretores do instituto e nomeou para a diretoria de Estudos Macroeconômicos o economista João Sicsú, "desenvolvimentista" e defensor do aumento do gasto público para
estimular o crescimento.
Na defensiva
Giambiagi evitou polemizar
em torno de sua saída. "Não estou me manifestando sobre o
assunto. É uma decisão interna
do Ipea. O Ipea tem o direito de
não renovar o contrato."
Por meio de um convênio firmado com o BNDES, Giambiagi está no Ipea desde janeiro de
2004. Seu salário, porém, continuou sendo pago pelo banco.
Tourinho também trabalha sob
a mesma condição. Desde os
anos 1980, as duas instituições
têm um acordo de cooperação
que permite ceder funcionários
com objetivos específicos, sem
a perda de vínculo.
Segundo o BNDES, o convênio "cumpriu seus objetivos". O
banco afirma que Giambiagi
apresentou três relatórios sobre a sua atuação no Ipea.
Já o Ipea informou, por meio
de sua assessoria de imprensa,
que aguarda até 7 de dezembro
a apresentação de um relatório
dos funcionários do BNDES.
Segundo a instituição, convênios com pesquisadores de outros órgãos "serão mantidos e
ampliados dentro da perspectiva de pensar o desenvolvimento do Brasil no longo prazo".
O Ipea nega qualquer expurgo de cunho ideológico e diz
ainda que "não houve afastamento de pesquisadores", mas
sim a decisão "administrativa"
de não renovar o convênio e de
aposentar, de fato, os dois pesquisadores da casa que continuavam trabalhando.
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