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Licitação de áreas de petróleo não sai em 2008, diz governo
Ministro afirma que só as pesquisas sobre o potencial dos campos devem levar um ano
Hubner disse também que,
caso se confirmem volumes
muito grandes de óleo
leve, o governo poderá
modificar a Lei do Petróleo
HUMBERTO MEDINA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O governo brasileiro não tem
pressa para licitar os 41 blocos
para exploração de petróleo vizinhos ao campo de Tupi. Segundo o ministro interino de
Minas e Energia, Nelson Hubner, a licitação não sai no ano
que vem. Ele afirmou ainda que
a definição sobre mudanças no
modelo de exploração só acontecerá quando o governo tiver
uma idéia mais precisa do potencial dos blocos.
De acordo com o ministro,
caso se confirmem quantidades
muitos grandes de petróleo de
alta qualidade (leve), a Lei do
Petróleo poderá ser modificada. Nesse caso, o regime de exploração poderia deixar de ser o
de concessão (o óleo extraído
pertence ao concessionário) e
virar contrato de partilha (o
óleo pertence ao governo, que
dá parte ao concessionário).
Caso as reservas se mostrem
menores do que o previsto, a
mudança poderá ser mais simples: a edição de um decreto aumentando a alíquota da "participação especial" -imposto pago por concessionários de campos de petróleo de alta produtividade. Hoje, o teto da participação especial é de 40%. Em
2006, o governo arrecadou R$
8,8 bilhões com esse imposto.
O tom do governo ontem em
relação à descoberta da Petrobras estava bem mais comedido do que no anúncio oficial, há
12 dias. Hubner riu e não respondeu à pergunta sobre quando o Brasil entraria na Opep
(Organização dos Países Exportadores de Petróleo) e disse
que ainda falta muita pesquisa
para avaliar o potencial dos
campos.
"Oito campos testados deram positivo, mas em uma área
imensa, de 800 quilômetros. Isso não é nada em termos de
pesquisa", afirmou.
Não haverá tempo
Segundo o ministro, só as
pesquisas sobre o potencial dos
campos devem levar um ano e,
portanto, não há tempo para fazer a licitação. "Não vai estar no
leilão do ano que vem, não temos tempo suficiente para analisar se aquelas reservas ali são
tão significativas que exigiriam,
por exemplo, uma mudança na
Lei do Petróleo", afirmou.
Ainda de acordo com a análise feita pelo ministro, não há
perda para o Brasil com o adiamento da licitação. Segundo
ele, além da falta de pesquisa, o
setor está passando por uma fase onde faltam equipamentos.
"Não adianta colocar toda
aquela área para pesquisa se
não vai ter equipamento. Vai
vencer o prazo de pesquisa e
não vão conseguir, vão ter que
devolver as áreas", disse.
Hubner ressaltou ainda as dificuldades para produzir petróleo e, principalmente, para
conseguir colocar no mercado
o gás desses campos. "Lá tem
muito gás associado, mas é
complicado trazer, fazer um gasoduto. Nós estamos falando de
300 quilômetros do litoral, trazer até a costa é extremamente
complicado. Podemos criar
uma plataforma para liqüefazer o gás quando for retirado de
lá e trazer por navios", disse.
Custos
Hubner falou com jornalistas
após participar da abertura de
um seminário promovido pela
IEA (Agência Internacional de
Energia, na sigla em inglês).
Na avaliação de William
Ramsay, diretor-executivo da
agência, o Brasil deve investir
aproximadamente US$ 500 bilhões nos próximos 25 anos na
área de energia, sendo aproximadamente metade em energia elétrica.
Segundo Ramsay, o mais
preocupante no momento não
é a perspectiva de falta de petróleo, mas o alto custo de produção. Segundo ele, isso acontece porque os lucros obtidos
atualmente com a elevada cotação do barril de petróleo não
estão sendo reinvestidos em
pesquisa e desenvolvimento de
novas reservas.
Questionado sobre a possibilidade de o Brasil vir a entrar na
Opep, Ramsay se mostrou descrente. "Isso foi dito em um
momento de entusiasmo. Vamos ver o que será dito depois.
Não vejo por que o Brasil gostaria de entrar na Opep. A Opep
quer restringir a produção, e o
Brasil quer aumentá-la."
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