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Governo adia, pela terceira vez, licitação para linhas de ônibus
Após adiamentos desde outubro de 2008, leilão deverá ser concluído entre março e maio de 2011
HUMBERTO MEDINA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O governo adiou, pela terceira vez, a licitação para linhas de
ônibus interestaduais e internacionais. O leilão deveria ter
acontecido em outubro do ano
passado, foi prorrogado para
junho deste ano, depois ficou
para este mês e agora deverá
ser concluído entre março e
maio de 2011.
A licitação é uma obrigação
constitucional estabelecida em
1988, mas vem sendo protelada
pelos governos e enfrenta forte
lobby contrário das empresas
que atuam no setor, que pretendem manter as linhas sem
disputa até 2023.
De acordo com Bernardo Figueiredo, diretor-geral da
ANTT (Agência Nacional de
Transportes Terrestres), não
houve vitória das empresas. "O
fato de adiar mais dois anos não
significa que as empresas venceram. Haverá licitação", disse.
Figueiredo explicou que a decisão de adiar foi tomada porque a agência não podia confiar
nas informações que tinha sobre o mercado a ser licitado. As
informações haviam sido passadas pelas próprias empresas
e, após serem analisadas pela
agência reguladora, revelaram
ter inconsistências graves.
O principal problema foi o
número de passageiros transportados. Os dados enviados
pelas empresas, de acordo com
a agência, eram muito inferiores. Pelo número de passageiros informados, seriam necessários cerca de 4.000 ônibus. As
empresas, no entanto, operam
com mais de 10 mil veículos.
Para resolver o problema, a
ANTT decidiu contratar a Fipe
(Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas), ligada à USP,
para levantar os dados reais.
A pesquisa será feita até abril.
Com os dados, a agência vai elaborar um plano de outorgas e
colocar um edital em consulta
pública.
Tarifa
O plano é fazer a licitação por
lotes geográficos, combinando
linhas rentáveis com não rentáveis em uma mesma região.
O critério para definir o vencedor é uma combinação de
menor tarifa ofertada com uma
avaliação da capacidade técnica
da empresa.
"Acreditamos que haverá
queda na tarifa, porque o sistema vai ser mais racional e, além
disso, haverá competição", disse Figueiredo. Por maior racionalidade entende-se o fim de linhas superpostas e a redução
do número de empresas, que
hoje somam mais de 244.
Empresas
O adiamento agradou as empresas do setor. "Nós não defendemos esse ou aquele prazo,
defendemos que o processo seja feito de forma adequada.
Nesse sentido, temos de apoiar
a decisão [de adiar]", disse Renan Chieppe, presidente da
Abrati (Associação Brasileira
das Empresas de Transporte
Terrestre de Passageiros).
Ele, no entanto, não descarta
a discussão judicial que possa
ser feita pelas empresas. "Não é
o nosso papel como associação.
Nós vamos discutir a modelagem com a agência. Mas as empresas fizeram investimentos e
podem discutir na Justiça."
Grandes empresas do setor,
como a Itapemirim, já têm decisão judicial garantindo a manutenção das linhas.
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