São Paulo, sexta-feira, 20 de novembro de 2009

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Amil anuncia compra da Medial por R$ 612,5 mi

Companhia chega a 5 milhões de usuários e busca fortalecer presença em SP

Segundo analistas, para ter sucesso, a Amil precisa melhorar a sua capacidade de integração com as empresas adquiridas

DA REPORTAGEM LOCAL
DA FOLHA ONLINE

A Amil Participações anunciou ontem a compra de 51,9% do capital da Medial Saúde, o que lhe permite assumir o controle da empresa. Com a aquisição, a companhia ultrapassa 5 milhões de beneficiários.
Segundo a Amil, o preço a ser pago aos controladores do grupo foi fixado em R$ 612,5 milhões, o que significa R$ 17,2 por ação da Medial Saúde e aproximadamente R$ 8,4 por ação da Medial Participações.
A Amil informou, ainda, que fará uma OPA (Oferta Pública de Aquisição) pelas ações da Medial que se encontram nas mãos de minoritários "em igualdade de condições, inclusive preço, àquelas acordadas com os acionistas controladores da Medial Saúde". Essa é uma exigência do Novo Mercado, segmento da BM&FBovespa que tem regras rígidas de governança corporativa e no qual estão listados os papéis de ambas as empresas.
"Para o cliente, tudo permanecerá como antes, já que a Amilpar irá cumprir rigorosamente todos os contratos firmados anteriormente pela Medial Saúde. As oportunidades são de melhoria para todos, fazendo parte de uma empresa maior que sempre visa a qualidade acima de tudo", afirmou Erwin Kleuser, diretor de Relações com Investidores da Amilpar, em comunicado.
A operação será submetida à aprovação da ANS (Agência Nacional de Saúde Suplementar) e aos órgãos de defesa da concorrência.

Estratégia
De acordo com especialistas do mercado financeiro, a aquisição da Medial tem como principal objetivo firmar a presença da Amil em locais onde a sua participação não é muito forte, como a região metropolitana da capital paulista. Com a compra, a participação de mercado da Amilpar em São Paulo passará de 7,9% para 15,1%, e, no Brasil, irá de 6,2% para 10,1%, com um total de 4,2 milhões de beneficiários em planos de saúde e 986 mil clientes em planos de assistência dental.
Essa vantagem é que justificaria o elevado prêmio pago sobre as ações da Medial. Na quarta-feira, elas estavam cotadas a R$ 14,70 e saltaram 11,56%, para R$ 16,40, ontem. O preço-alvo (tido como justo), conforme análise da Fator Corretora, está ao redor de R$ 17.
Também se trata de uma chance de a Amil melhorar o seu desempenho após alguns trimestres de resultados desapontadores. No segundo trimestre deste ano, o lucro líquido do grupo foi de apenas R$ 600 mil, ante os R$ 61,4 milhões verificados no mesmo período de 2008.
As vendas de produtos têm crescido -embora a um ritmo menor do que o observado nos últimos anos-, porém as despesas aumentaram muito mais devido principalmente a dois fenômenos: a gripe suína, que disparou uma corrida a médicos e hospitais, e a crise econômica internacional. Com medo do desemprego, uma grande parcela de clientes aproveitou para se consultar e fazer exames. Da mesma forma agiu quem foi efetivamente desligado do trabalho, mas contava com o benefício de gozar do plano de saúde por um tempo adicional determinado.
O problema, dizem os especialistas, é que a Amil tem um histórico ruim de utilização das afinidades e de integração com as empresas que compra. Há casos de companhias incorporadas já há alguns anos que até o momento não tiveram os seus sistemas de informação absorvidos. Além disso, a carteira de usuários da Medial é de baixa qualidade e a sua rede própria de hospitais está precisando de investimentos.


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