São Paulo, quarta-feira, 20 de dezembro de 2000

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BANCOS

Instituição já tinha metade do capital da financeira; aquisição não muda a 4ª posição no ranking privado nacional

Unibanco assume Fininvest por R$ 480 mi

SÍLVIA FREIRE
DA FOLHA ONLINE

LEONARDO SOUZA
DA REPORTAGEM LOCAL

O Unibanco anunciou ontem a compra do controle da Fininvest, da qual já detinha 50% do capital. Para ficar com a totalidade da financeira, o banco pagou ao grupo Icatu R$ 480 milhões pela outra metade.
A aquisição não modifica o ranking das maiores instituições financeiras privadas do país. A Fininvest detém ativos totais de R$ 1,4 bilhão, pouco se comparado aos R$ 44,7 bilhões do Unibanco. Ou seja, o Unibanco continua em quarto lugar, bem atrás do Santander, que depois de comprar o Banespa subiu para a terceira posição, com ativos totais de R$ 56,2 bilhões.
Na opinião do analista de bancos Bruno Pereira, do Warburg Dillon Read, a aquisição foi uma boa tacada do Unibanco. "Está no caminho certo, que é a diversificação em busca do aumento da base de clientes", disse.
A Fininvest tem 64 lojas próprias e planos para inaugurar outras 52 em 2001. Pontos de atendimento em estabelecimentos comerciais são 6.000 em todo o país. Clientes ativos, isto é, com contratos vigentes, são 3 milhões. Dos ativos totais, R$ 1,1 bilhão de operações de crédito, foco da financeira. O Unibanco passa a ser o maior emissor de cartões de crédito da América Latina. O banco tem agora 4,6 milhões de cartões de crédito no mercado.
O presidente da área de varejo do Unibanco, Joaquim Francisco de Castro Neto, disse que as duas instituições serão mantidas separadas e que a marca Fininvest vai continuar no mercado.
Ele destacou que o banco e a Fininvest têm focos diferentes. Segundo ele, o banco tem perfil de cliente com renda média acima R$ 1.000. A Fininvest atende basicamente as classes B, C e D. "Não vamos entrar em mar aberto."
Castro Neves, no entanto, fala em sinergia entre as duas instituições e vendas de produtos do banco para os clientes da financeira. Entenda-se por sinergia o corte de despesas.
Com base nessas projeções, ele estima que o lucro da Fininvest será de R$ 95 milhões no próximo ano. Isso significa triplicar o resultado esperado para este ano, de R$ 23 milhões. A expectativa é que a base de clientes cresça 18% no ano que vem.
De acordo com os planos de crescimento da Fininvest, a emissão de cartões de crédito deve aumentar 10%. "Estamos prontos para crescer", confirmou José Reinaldo Tosi, presidente da Fininvest.
Segundo Tosi, o crescimento das operações da Fininvest está diretamente ligado à recuperação da economia, uma vez que atua, sobretudo, em crédito para vendas a prazo.
O Unibanco foi a instituição financeira que mais cresceu na década de 90, segundo dados apresentados ontem pelo próprio banco. De acordo com a Austin Asis e o Banco Central, em 1990 o Banco do Brasil era 13 vezes maior do que o Unibanco, o Bradesco era 2,9 vezes maior e o Itaú, 2,3 vezes. Em 2000, o Banco do Brasil é 3,2 vezes maior, o Bradesco, 1,9 vez e o Itaú, 1,3 vez maior em relação ao banco paulista.
"Com a aquisição, a terceira em 2000, ganhamos em escala e a um baixo custo operacional, uma vez que não foi empregado volume financeiro normalmente despendido com aquisições de bancos tradicionais", disse Castro Neto.


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