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JUSTIÇA
Dinheiro arrecadado deve ir para áreas previstas
STF determina que recursos da Cide terão que seguir Constituição
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O STF (Supremo Tribunal Federal) determinou ao governo
que destine o dinheiro arrecadado com a Cide (contribuição cobrada sobre a venda de combustíveis) às três áreas previstas na
Constituição.
O plenário julgou uma ação direta de inconstitucionalidade
proposta em junho último pela
CNT (Confederação Nacional do
Transporte) contra a Lei Orçamentária de 2003.
Essa lei autorizou o Executivo a
fazer, por decreto, suplementações de projetos em até 10% do
excesso de arrecadação, sem vincular às áreas estabelecidas na
Constituição.
Por 6 votos contra 4, o Supremo
decidiu adotar uma interpretação
pela qual a aplicação dessa norma
da Lei Orçamentária está atrelada
às destinações de recursos da Cide
previstas no texto constitucional.
As três áreas previstas são pagamento de subsídios a preços ou
transporte de combustíveis, financiamento de projetos ambientais relacionados à indústria do
petróleo e do gás e financiamento
de programas de infra-estrutura
de transportes.
O presidente da CNT, Clésio
Andrade, também vice-governador de Minas Gerais, disse que a
decisão representou uma vitória
da entidade, porque abrirá espaço
para negociações políticas e ações
judiciais por mais investimentos
em estradas.
Ele afirma que o governo não
está investindo devidamente no
setor de transportes o dinheiro arrecadado com a contribuição,
criada em 2001.
Segundo Andrade, a arrecadação em 2003 deverá ultrapassar
R$ 10 bilhões, e o investimento no
setor não chegou a R$ 600 mil.
Sem efeito prático
O advogado-geral da União, Álvaro Augusto Ribeiro Costa, negou que a decisão represente uma
derrota do governo. Ele disse que
ela não tem efeito prático, porque
o governo não está desviando recursos para outras áreas.
Questionado sobre a decisão, o
ministro do Planejamento, Guido
Mantega, disse que o governo federal "cumpre rigorosamente" a
lei que regulamente a destinação
dos recursos da Cide. "Os recursos têm sido rigorosamente utilizados na área de transportes".
Mantega afirmou que do total
arrecadado, R$ 8,5 bilhões, cerca
de R$ 2,6 bilhões foram repassados ao Ministérios dos Transportes. O restante não foi liberado.
Saiba mais
A Cide foi criada em 19 de dezembro de 2001 e entrou em vigor
em janeiro de 2002.
A contribuição incide sobre a
importação e comercialização de
combustíveis (gasolina, diesel, álcool, querosene, gás etc.).
Os recursos da Cide devem ser
usados na recuperação de estradas federais. Entretanto por falta
de regulamentação, os valores seguem para os cofres do governo
federal.
Parte dos recursos é usada para
aumentar o superávit fiscal acertado como FMI (Fundo Monetário Internacional).
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